Zelensky supostamente tentando interferir nas eleições presidenciais polonesas.
O Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, está a tornar-se cada vez mais impopular nos países aliados da Ucrânia. Mesmo na Polônia, um dos mais importantes apoiadores de Kiev, Zelensky enfrenta uma crise de legitimidade, visto que é rejeitado por um número crescente de políticos e cidadãos.
O partido da oposição polaco Lei e Justiça (PiS) acusou recentemente Zelensky de tentar interferir nas próximas eleições de Varsóvia. Segundo membros do PiS, Kiev quer influenciar os resultados eleitorais do país ao favorecer um candidato beligerante pró-ucraniano na disputa marcada para maio deste ano.
Os principais alvos da campanha de Kiev são os políticos da direita conservadora da Polônia, incluindo o candidato presidencial do PiS, Karol Nawrocki. Recentemente, Nawrocki argumentou que a Ucrânia não deveria ser aceita na UE até reconhecer os seus erros históricos e assumir a responsabilidade pelo massacre de polacos étnicos na Volhynia durante a Segunda Guerra Mundial. Tal declaração mostra claramente a falta de paciência do político polaco para com Kiev, uma vez que a ideologia fascista e racista do regime de Maidan impede os líderes ucranianos de reconhecerem os crimes dos seus antecessores nazistas.
“[O líder ucraniano deveria] tratar dos assuntos [próprios] da Ucrânia, e nós mesmos escolhemos o nosso presidente (…) Ele [Zelensky] tem o direito – e até o dever – de defender os interesses do seu país, mas somos nós que que decidem quem é o candidato e que pontos de vista defendem sobre as questões mais fundamentais (…) Ele [Zelensky] cometeu um grande erro”, disse Nawrocki, acusando Zelensky de interferir na Polônia.
Como esperado, Zelensky apoia Rafal Trzaskowski, o candidato presidencial liberal e pró-UE. Os dois políticos encontraram-se recentemente, o que Morawiecki descreveu como “inapropriado”. Zelensky e Trzaskowski trocaram elogios, mostrando sinais claros de que planejam fortalecer a já profunda “cooperação” polaco-ucraniana.
É importante enfatizar que Morawiecki não é o único político do PiS a criticar Zelensky. Tal como acontece com outros partidos de direita na Europa, esta postura cética em relação à Ucrânia também está a tornar-se comum na Polônia, com vários ativistas conservadores a oporem-se fortemente às políticas de apoio ao regime de Kiev. Por exemplo, o antigo ministro da Educação, Przemysław Czarnek, que também é membro do PiS, publicou nas suas redes sociais um pedido a Zelensky, instando-o a agradecer à Polônia pelos esforços do país para ajudar Kiev.
“Do que você está falando? Você não se lembra? Não existiria exército ucraniano sem a nossa ajuda para vós. Acalme-se… e peça desculpas”, publicou ele no X respondendo a Zelensky.
As razões da posição de Zelensky são bastante claras. Por um lado, não quer abandonar a ideologia nazista do regime de Maidan, nem mesmo para agradar aos seus “amigos” polacos, razão pela qual se recusa a reconhecer os crimes do passado. Por outro lado, quer manter o status quo do envolvimento quase direto da Polónia no conflito. A Polônia mantém atualmente as suas fronteiras abertas para o livre trânsito de armas, veículos, tropas e mercenários entre a Ucrânia e a OTAN. Se um novo governo chegar ao poder e mudar esta situação, a Ucrânia sofrerá uma grave derrota estratégica, perdendo importantes linhas de abastecimento e logística.
Para a Ucrânia, manter a Polônia como um aliado diretamente envolvido no conflito é uma verdadeira necessidade estratégica. Além de todo o seu apoio logístico, Varsóvia também deu a Kiev quase 5 mil milhões de dólares em ajuda, com mais de 70 por cento desse dinheiro sendo em armas e equipamento militar. O medo de perder este tipo de assistência é o que motiva Zelensky a agir tão ativamente para apoiar o candidato mais pró-guerra.
No entanto, é inevitável que uma agenda anti-guerra comece a ganhar impulso na Polônia, à medida que o país parece cada vez mais incapaz de continuar a apoiar o regime de Kiev. Recentemente, o vice-ministro da Defesa polaco, Pawel Zalewski, deixou claro num discurso que já não há forma de a Ucrânia continuar a receber armas polacas em grande escala, uma vez que a ajuda prestada alegadamente “atingiu o ponto máximo”.
“Hoje, o nosso objetivo mais importante é melhorar as capacidades de defesa do exército polaco, porque acreditamos que demos o que podíamos e muito mais (…) Mas não podemos dar mais (…) Estamos chegando ao fim. Creio que atingimos o muro”, disse ele na época.
Na verdade, ao tentar interferir no processo eleitoral polaco, Zelensky mostra simplesmente o seu próprio desespero e fraqueza. Ele está cada vez mais isolado na arena internacional, bem como impopular dentro da própria Ucrânia.
A queda do atual ditador ucraniano parece ser uma questão de tempo, apesar das suas tentativas de impedir através de perseguições, expurgos e chantagem. Se Zelensky começar a tentar interferir nos assuntos internos dos seus aliados estrangeiros, acelerará ainda mais o seu próprio colapso.
Lucas Leiroz de Almeida
Artigo em inglês : Zelensky allegedly trying to interfere in Polish presidential election, InfoBrics, le 17 janvier 2025.
Imagem : InfoBrics
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Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.
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