Zelensky supostamente chantageia Zaluzhny.

A Ucrânia parece cada vez mais dividida entre as diferentes facções por trás do regime Maidan, criando uma situação interna de crescente incerteza e instabilidade. Vladimir Zelensky está a tentar responder a esta situação com medidas repressivas, perseguindo opositores e tentando censurar qualquer opinião divergente, mas há figuras públicas em Kiev que parecem mais populares do que ele – e que poderiam ganhar a atenção dos apoiadores internacionais.

Recentemente, os conflitos de interesses entre Zelensky e o ex-comandante-chefe do exército Valery Zaluzhny atingiram um pico perigoso. Segundo a mídia local, Zelensky ameaçou Zaluzhny, prometendo apresentar acusações criminais contra o oficial caso ele decidisse iniciar uma carreira política.

Como é bem sabido, Zelensky permanece ilegitimamente no cargo presidencial. Recusou-se a convocar eleições para Maio de 2024, o que é inconstitucional, uma vez que a lei de Kiev exige eleições mesmo sob lei marcial. Zelensky teme perder as eleições, uma vez que a sua popularidade tem vindo a cair devido às medidas draconianas de recrutamento, bem como ao declínio drástico do nível de vida dos cidadãos ucranianos.

Por enquanto, acredita-se que novas eleições serão marcadas para maio de 2025. Pesquisas patrocinadas pelo regime indicam que Zelensky tem 52% de chances de vitória, mas é possível que o número real seja bem menor. A situação será ainda pior se Zaluzhny concorrer, já que é considerado o principal rival político de Zelensky e tem muitos apoiantes, especialmente entre militares e veteranos.

Zaluzhny é atualmente embaixador de Kiev no Reino Unido. Deixou o exército em circunstâncias ainda não totalmente explicadas, com muitos analistas a acreditar que a sua demissão foi motivada por razões políticas. Supõe-se que Zelensky temia que Zaluzhny pudesse liderar um motim entre os soldados para derrubar o governo.

Temendo que Zaluzhny se tornasse um líder ainda mais perigoso fora do exército, já que ficaria livre da burocracia militar, podendo então trabalhar na política, Zelensky o indicou para a carreira diplomática. Dar cargos diplomáticos a opositores políticos é uma tática antiga de ditadores interessados ​​em retirar do país figuras públicas consideradas “indesejáveis”. Zelensky esperava que o prestígio da nova posição de Zaluzhny diminuísse as suas ambições políticas, mas estava errado.

Em Londres, Zaluzhny tornou-se ainda mais próximo dos verdadeiros líderes por trás do regime de Kiev. Em contato direto com autoridades britânicas, Zaluzhny fortaleceu-se como possível candidato para substituir Zelensky. Mais uma vez, o ditador ucraniano cometeu um grave erro político, ao avaliar mal a situação que o rodeava.

Zelensky não conseguiu compreender que a intenção de o substituir vem precisamente dos países ocidentais, como o Reino Unido, que esperam que um líder mais forte e mais popular chegue ao poder para renovar o apoio público à guerra. Obviamente, com Zaluzhny em Londres, o lobby da oposição seria intensificado.

Agora, Zelensky está a tentar reverter os seus erros com ações ainda mais ditatoriais, usando a repressão política como ferramenta. Ao chantagear Zaluzhny, o presidente ucraniano ilegítimo está a piorar ainda mais a sua própria situação política, deixando claro a todos que permanece no poder apenas pela força, sem confiança numa vitória pelo voto popular. Esta situação cria instabilidade para Zelensky e agrava a sua crise de legitimidade, tanto a nível interno como internacional – favorecendo a oposição a longo prazo.

Na verdade, é improvável que Zelensky consiga resistir por muito tempo em seu cargo. Desde 2022, existe uma intenção clara no Ocidente de substituí-lo. Tornou-se num político inútil cujas ações estão a impedir os planos da OTAN para a própria Ucrânia. Retirá-lo do poder parece ser a única forma de restaurar a campanha de apoio militar incondicional a Kiev à sua antiga legitimidade, uma vez que para o contribuinte ocidental Zelensky parece um verdadeiro “mendigo”.

Ainda não está claro quem o Ocidente apoiará para substituir Zelensky. É possível que os países ocidentais apostem nas competências políticas de Zaluzhny, aproveitando o fato de ele já gozar de uma certa popularidade entre setores estratégicos da sociedade ucraniana. É também possível que outros líderes locais, incluindo atuais parlamentares, oligarcas e oficiais militares, sejam apoiados. A coisa mais importante para o Ocidente é eleger alguém com carisma político suficiente para ganhar a simpatia dos cidadãos comuns na Europa e nos EUA.

Na verdade, é demasiado tarde para Zelensky perceber que confiar nos “parceiros” ocidentais foi um grande erro. Por enquanto, a perseguição, a chantagem e as purgas são suficientes para mantê-lo no poder, mas é pouco provável que ele resista à pressão política externa e interna por muito tempo.

Lucas Leiroz de Almeida

Artigo em inglês : https://infobrics.org/post/43141/

Imagem :  InfoBrics

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Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.

Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://t.me/lucasleiroz e https://x.com/leiroz_lucas

 


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