Pré-Candidatura Manuela D’Ávila: Festa Pobre à ‘Esquerda’
A pagar sem ver toda essa droga que já vem malhada antes d’eu nascerNão me ofereceram nem um cigarro, fiquei na porta estacionando os carros
Manuela D’Ávila, deputada estadual pelo Rio Grande do Sul e pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil), hoje uma espécie de João Dória da “esquerda” fajuta pelos mixurucas holofotes do desgraçado márquetim político barato que, sobre a jovem gaúcha, pairam há algumas semanas, possui agenda que se fosse de surpresa aplicada a algum tucano (pessedebista), ou mesmo a partidos como PPS ou PTB etc, no mínimo passaria desapercebida sem nenhum tipo de entusiasmo e nem sequer o menor elogio por parte da mesma “esquerda” hoje um tanto “eufórica” com a possível presidenciável que ostenta, como principal proposta, nada menos que a retomada do poder a exemplo de seus padrinhos petistas.
Truco! “Nossa ideia programática é baseada em duas questões. Primeira, é relacionada à retomada no crescimento econômico do Brasil. A eleição de 2018 é fundamental para que o Brasil saia da crise”. Grande “esquerda”! O que Manuela disse é que, para que o bolo capitalista cresça (eis nossa “esquerda” fazendo inveja até a Delfim Neto, economista da ditadura militar), é imprescindível que os monopolistas do discurso de esquerda no Brasil ganhem a eleição. Eis o grande projeto de Brasil.
Entre outras aborganes que, sem propostas minimamente consistentes ao menos até o presente, merecem confetes à “esquerda” moribunda, carente da mínima seriedade e coerência, passam por ganhos salariais femininos inferiores em 30% em relação aos homens, enaltecimento da importância da educação para a sociedade e da segurança pública, neste caso através do fortalecimento das polícias aliado à fiscalização destas pelo Poder Público, entre alguns outros pontos.
Tal padrinho, tal afilhada: temas como reforma agrária, evasão de divisas, redução drástica dos lucros bancários não fazem parte da simpática pré-campanha da Manuela D’Ávila. E pelo que se sabe do PCdoB, irmão siamês do PT, não fará parte de mais essa grande farsa à “esquerda” até outubro de 2018, afinal de contas, tocar nestes pontos já seria demais a nossos personagens políticos “progressistas” que, a todo o custo, buscam acima de tudo a retomada do poder sem nenhum projeto alternativo de Brasil, que altere as relações de poder e as estruturas econômicas neoliberais e societárias, profundamente excludentes.
E outra coisa bastante “curiosa” nisso tudo é que nenhum dos meios “alternativos”, até este momento, tem sido capaz de usar a criatividade a ponto de colocar em pauta tais discussões envolvendo a mais nova “alternativa” da “esquerda”. Se esse mesmo setor midiático, que de alternativo em relação à grande mídia só tem mesmo o tendencionsimo politiqueiro, tivesse se preocupado em levantar tais pontos, centrais no que diz respeito ao interesse do povo trabalhador, e fizesse isso proporcionalmente em 25% ao que tem fotografado o sorriso da Manuela de todos os ângulos, e 15% que fosse das imagens com língua de fora e caretas em geral dos oposicionistas, já seria tempo deste autor começar a considerar a possibilidade de retirar aspas da “esquerda” tupiniquim.
“O ministro Alexandre de Moraes, aquele indicado pelo Temer, está construindo um debate sobre parlamentarismo que será a continuidade do golpe”, reclamou recentemente Manuela pois, conforme noticiou o Instituto Presidente João Goulart no último dia 24, “o sonho da direita de manter sob rédeas curtas a escolha do chefe do governo – e da administração – está outra vez em pauta. Recentemente o ministro do STF Alexandre Moraes propôs que o mandato de segurança 22972, parado no STF desde 1997, seja incluído na pauta do tribunal”.Pois o que a pré-candidata de “esquerda”, até agora a mais bem acabada peça do márquetim “alternativo”, propõe como resistência à possibilidade de outro golpe jurídico-parlamentar, lamentar e limitar-se a postar vídeos no Iútube direcionados ao japinha do MBL, como tem feito?
Se não se despertar da velha apatia, sectarismo, mesquinharia atrás de votos em nome da patologia do poder, se não se tirar as amargas lições contemporâneas que ainda doem na pele, nem sequer o único e patético projeto da “esquerda” que insiste no diálogo esquizofrênico, isto é, falar consigo mesma, será viável. É bom, é urgente que a “esquerda” tupiniquim pare de brincar de ser de esquerda.
Edu Montesanti