Por Que Assassinato da Marielle É Altamente Perturbador
Há um bom tempo ando com “as barbas de molho” em escrever em português, para brasileiro ler. No aniversário dos 41 anos do assassinato do ex-presidente João Goulart (1961-1964) na Argentina em dezembro, publiquei quatro diferentes reportagens em dois idiomas – nenhuma em português, por pura falta de vontade/motivação/interesse.
Mas vamos lá, mais uma publicação didática explicando o que, em qualquer parte do mundo, é desnecessário fazer agora – mesmo para estrangeiros que mal sabem localizar o mapa do Brasil.
O assassinato de Marielle não é mais um entre milhares, como a maioria idiotizada por excrecências como Rede Globo, Veja, Estadão e diversos reaças tupiniquis têm afirmado, por alguns motivos mundialmente claros (nesta terça-feira, entre manifestações populares em todo o mundo, foi a vez de The Washington Post concordar com este autor e todos os habitantes da Terra exceto uma centena e tantas dezenas de milhões de basileiros, autoconsiderados a “nata intelectual e moral”: o jornal norte-americano publicou reportagem indignada com a morte da ativista pelos direitos humanos no Rio).
Antes de mais nada, trata-se de uma vereadora. Assassinada brutalmente (= crime hediondo) em pleno Centro da segunda maior metrópole do País. Marielle foi morta com uma arma capaz de atirar 20 balas por segundo (!) um dia após ter denunciado, como vinha fazendo, o 41º Batalhão de Polícia Militar da sua cidade, o mais violento do mundo.
O assassiato da Marielle não é mais um, vitima de violência “fortuita” como andam palrando especialmente os ignorantes, histéricos, raivosos e devastadores setores reacionários pois teve um motivo bem claro; silenciar uma voz que denunciava os crimes contra sua gente, gente das favelas e de sua etnia, a negra. E aí mesmo está o grande problema para o brasileiro médio, dono de mentalidade elitista.
Diferentemente de seus politiqueiros de estimação, que os enganam com estupidez/márquetim político de péssimo nívelcomo o “gestor e não político” prefeito paulistano João Dória, bem à altura da mentalidade dessa gente, Marielle não vivia engabinetada, e foi enterrada em um cemitério ao lado de outros favelados: morreu tão barbaramente quanto brava e dignamente!
O assassinato da Marielle esfrega na cara da sociedade e do mundo a máfia policial – que deveria, ao menos por motivo de mínima coerência, indignar os reaças tupiniuins -, e a própria insegurança pública.
E, a grande ferida, o assassinato de Marielle escancara, tanto quanto a resposta de milhões de imbecis a ele, o ódio étnico e classista, uma guerra declarada contra negros, vermelhos e pobres deste país falido!
Essa voz eles querem silenciar. Essa vergonha contra si, tentam abafar.
Marielle, presente, nosso amor!
Edu Montesanti