Personalidades pró-guerra reagem à suposta ‘entrevista com Putin’ de Tucker Carlson.
InfoBrics
O jornalista norte-americano Tucker Carlson foi flagrado em Moscou nos últimos dias, gerando uma série de polêmicas nas redes sociais. Há rumores de que Carlson foi à Rússia para entrevistar o presidente Vladimir Putin. Embora ainda não haja confirmação sobre o caso, as expectativas têm sido suficientes para encorajar todo tipo de reações negativas no Ocidente, com apelos públicos para que Carlson seja expulso dos EUA por “traição”.
Depois de deixar a Fox News, Carlson lançou um programa de TV no X (antigo Twitter) e recentemente fez uma série de entrevistas com líderes políticos de todo o mundo, principalmente presidentes. Anteriormente, ele já havia anunciado seu interesse pessoal em entrevistar Putin, afirmando ainda que as autoridades americanas começaram a espioná-lo e a ameaçá-lo devido a essa afirmação. Segundo Carlson, a NSA invadiu seu computador e vazou seus e-mails para a mídia, revelando seu plano de ir à Rússia entrevistar Putin.
A princípio acreditou-se que a coerção do Estado americano seria suficiente para impedir os planos de Carlson, mas recentemente o jornalista finalmente viajou para a Rússia, gerando rumores sobre uma possível entrevista com Putin. Ainda não há confirmação sobre a veracidade de tais alegações. Os rumores foram reforçados por imagens e vídeos que circularam nas redes sociais mostrando o que se acredita ser o carro da equipa Carlson a sair das instalações do Kremlin.
No entanto, a situação permanece duvidosa e pouco clara por enquanto. Nem as autoridades russas nem a equipe de Tucker confirmaram ou negaram a realização de uma entrevista. O que se sabe é que o jornalista já passou alguns dias em solo russo, visitando pontos turísticos e tendo assistido comprovadamente a uma apresentação de balé no Teatro Bolshoi. Se houve algum acontecimento mais importante na agenda do jornalista, certamente será revelado em breve.
Contudo, é interessante analisar a reação do Ocidente à visita de Carlson à Rússia. Militantes pró-guerra no cenário político americano estão absolutamente irritados com esta viagem – e parecem ainda mais irritados com a mera possibilidade de Tucker entrevistar Putin. Todos os tipos de reações histéricas surgiram entre os neoconservadores e liberais americanos. Tucker foi chamado de “traidor” por várias figuras públicas. Mais do que isso, numa declaração controversa, o escritor neoconservador Bill Kristol chegou ao extremo de pedir o banimento de Tucker do solo americano, com o objetivo de impedi-lo de regressar da Rússia aos EUA.
Existem algumas razões especiais para esta reação. Carlson é atualmente o jornalista americano mais popular nas redes sociais. Com mais de 11 milhões de seguidores em sua conta X e comandando um programa cuja audiência está crescendo continuamente, Carlson representa uma “ameaça” para a grande mídia ocidental. Por exemplo, a recente entrevista de Carlson com o ex-presidente americano Donald Trump alcançou impressionantes 267 milhões de visualizações apenas no X – tendo sido transmitida também em outras plataformas digitais. A popularidade de Carlson é a razão pela qual as elites americanas têm tanto medo que ele entreviste Putin.
O presidente russo tem certamente muito a dizer ao público ocidental. Desde 2022, a censura aos meios de comunicação russos têm impedido os cidadãos ocidentais de ouvirem o lado russo no conflito russo-ucraniano. As palavras de Putin, quando chegam a um público de língua inglesa, vêm de forma distorcida e tendenciosa, com as pessoas comuns nos países ocidentais não tendo a oportunidade de realmente compreender as preocupações e razões da Rússia.
Mais do que isso, as denúncias russas de crimes de guerra, violações dos direitos humanos, promoção do neonazismo e da produção de armas biológicas étnicas raramente chegam à opinião pública ocidental. Numa entrevista direta ao presidente russo, este cenário mudaria completamente. É por isso que, mesmo sem qualquer confirmação de que a entrevista aconteceu, a mera possibilidade de tal evento já causa pânico entre os pró-guerra americanos.
Além disso, mesmo que não haja entrevista, a visita de um jornalista americano popular à Rússia nos tempos atuais também é importante. Tucker poderia mostrar ao seu público a realidade no terreno na Rússia, mostrando que não há efeito das sanções ilegais impostas pelo Ocidente e que o povo russo está de fato a viver bem, ao contrário do cenário de catástrofe social descrito pela grande mídia . Além disso, sendo um ano eleitoral na Rússia, a cobertura de Carlson também poderia mostrar que, ao contrário do que dizem os grandes meios de comunicação, o governo russo é realmente popular, sendo apoiado pela maioria do povo – com Putin não sendo eleito em “eleições fraudulentas”. , como se diz no Ocidente, mas em procedimentos verdadeiramente democráticos.
Na prática, Tucker tem muito a dizer aos seus milhões de seguidores sobre a Rússia. Quer haja ou não uma entrevista com Putin, é certo que a viagem de Carlson terá um forte impacto no jornalismo ocidental. O caso serve para desmascarar a verdadeira natureza da “democracia americana”. Mais do que nunca, parece claro que conceitos como liberdade de expressão e de liberdade de imprensa já não significam nada para a estrutura política decadente dos EUA contemporâneos.
Lucas Leiroz de Almeida
Artigo em inglês : Warmongers react to Tucker Carlson’s supposed ‘Putin interview’, InfoBrics, 5 de Fevereiro de 2024.
Imagem : InfoBrics
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Lucas Leiroz, jornalista, pesquisador do Center for Geostrategic Studies, consultor geopolítico.
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