Marcha para a guerra: Concentração naval no Golfo Pérsico e no Mediterrâneo Oriental
Nota do editor de Global Research
Chamamos a atenção dos nossos leitores para este documento cuidadosamente revisto da concentração naval em andamento e do posicionamento das forças de coligação no Médio Oriente.
O estudo de Mahdi Darius Nazemroaya proporciona-nos uma visão geral. Seu artigo examina a geopolítica por trás deste posicionamento militar e o seu relacionamento com a “Batalha pelo petróleo.”
A estrutura das alianças militares, as quais são cruciais para o entendimento destes preparativos para a guerra, são também analisadas.
O posicionamento naval está a ter lugar em dois diferentes teatros de guerra: o Golfo Pérsico e o Mediterrâneo Oriental.
Tanto Israel como a NATO estão destinados a desempenhar um papel importante na guerra conduzida pelos Estados Unidos.
A militarização do Mediterrâneo Oriental está em linhas gerais sob a jurisdição da NATO em ligação com Israel. Voltada contra a Síria, é conduzida sob a fachada de uma missão de manutenção de paz das Nações Unidas de acordo com a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU. Neste contexto, a guerra ao Líbano deve ser encarada como uma etapa do roteiro militar mais amplo patrocinado pelos EUA.
A força naval no Golfo Pérsico está de um modo geral sob o comando dos EUA, com a participação do Canadá.
A concentração naval está coordenada com o planeamento de ataques aéreos. O planeamento dos bombardeamentos aéreos do Irão começou em meados de 2004, de acordo com a formulação do CONPLAN 8022, no princípio de 2004. Em Maio de 2004, foi emitida a Directiva Presidencial de Segurança Nacional NSPD 35, intitulada Nuclear Weapons Deployment Authorization. Apesar de o seu conteúdo permanecer classificado, a presunção é de que a NSPD 35 refere-se ao posicionamento de armas nucleares tácticas no teatro de guerra do Médio Oriente no cumprimento do CONPLAN 8022.
Estes planos de guerra devem ser encarados muito seriamente.
O mundo está na encruzilhada da mais séria crise da história moderna. Os EUA embarcaram numa aventura militar, numa “longa guerra”, a qual ameaça o futuro da humanidade.
Nas próximas semanas, é essencial que movimentos de cidadãos de todo o mundo actuem firmemente a fim de confrontar os seus respectivos governos e reverter e desmantelar esta agenda guerreira.
O que é necessário é romper a conspiração do silêncio, expôr as mentiras e distorções dos media, confrontar a natureza criminosa da administração dos Estados Unidos e daqueles governos que a apoiam, da sua agenda de guerra bem como da chamada “agenda de Segurança Interna” a qual já definiu os contornos de uma polícia de Estado.
É essencial trazer o projecto de guerra estadunidense para o primeiro plano do debate político, particularmente na América do Norte e na Europa Ocidental. Os líderes políticos e militares que se opõem à guerra devem tomar uma atitude firme, a partir de dentro das suas respectivas instituições. Os cidadãos, individual e colectivamente, devem tomar uma posição contra a guerra.
Professor Michel Chossudovsky, Centro de Investigação da Globalização/Centr for Research on Globalization (CRG), 01/Outubro/2006
Marcha para a guerra: Concentração naval no Golfo Pérsico e no Mediterrâneo Oriental
Por Mahdi Darius Nazemroaya, 01/Outubro/2006
A probabilidade de outra guerra no Médio Oriente é elevada. Só o tempo dirá se os horrores de uma nova guerra deverão concretizar-se. Mesmo assim, a feição de uma guerra está ainda por decidir em termos de futuro.
Se a guerra será ou não travada contra o Irão e a Síria, pois ainda há a inegável concentração e desenvolvimento de medidas que confirmam um processo de posicionamento militar e de preparação para a guerra.
O fórum diplomático também parece estar a apontar para a possibilidade da guerra. As decisões a serem tomadas, as preparações a serem feitas, e as manobras militares que estão a desdobrar-se sobre o tabuleiro de xadrez geo-estratégico estão a projectar um prognóstico e a presente mobilização faz prever alguma forma de conflito no Médio Oriente
Neste contexto, as pessoas nem sempre percebem que uma guerra nunca é planeada, executada ou mesmo prevista numa questão de semanas. As operações militares levam meses e mesmo anos a preparar. Um exemplo clássico é a Operação Overlord (popularmente identificada como “Dia D”), a qual resultou na Batalha da Normandia e na invasão da França. A Operação Overlord teve lugar em 6 de Junho de 1944, mas os preparativos militares levaram dezoito meses, “oficialmente”, até estabelecer o palco para a invasão da costa francesa. Foi durante uma reunião em Casablanca, Marrocos, em Janeiro de 1943, que o presidente americano, F. D. Roosevelt, e o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, delinearam uma estratégia para invadir a Normadia. [1]
O próprio “Memorando de Downing Street” [2] confirma que a decisão de ir à guerra com o Iraque foi tomada em 2002 pelos Estados Unidos e a Grã-Bretanha, e assim os preparativos para a guerra com o Iraque na realidade começaram em 2002, um ano antes de a invasão se verificar. Os preparativos para a invasão do Iraque levaram pelo menos um ano inteiro para serem efectuados.
O período de 1991 a 2003 assistiu a contínuas operações militares contra o Iraque por parte da aliança anglo-americana. Este período que perdurou por mais de uma década viu cenas de bombardeamento pesado e grandes ataques aéreos sobre a enfraquecida república iraquiana e os seus cidadãos. Na realidade, as condições para o trabalho no terreno e os preparativos da invasão e ocupação final do Iraque levaram mais de dez anos para se concretizarem. O Iraque estava enfraquecido e a sua força fora diluída durante estes dez anos.
Mesmo antes desta década de bombardeamento anglo-americano e de sanções das Nações Unidas, o Iraque fora apanhado numa guerra de oito anos com o Irão durante a década de 1980. A guerra entre o Irão e o Iraque também foi alimentada e organizada pelos Estados Unidos para enfraquecer ambos os países. Em retrospectiva, a manipulação de uma guerra entre o Irão e o Iraque para enfraquecer ambos os Estados parece ser um planeamento estratégico na preparação de futuras operações militares contra eles. Durante este tempo também estavam a ser feitos preparativos para conseguir os Balcãs para futuras operações anglo-americanas. Os Balcãs estão junto ao Médio Oriente e também são uma extensão geográfica da região. Os preparativos foram feitos através da expansão da NATO, da mudança de bases militares voltadas para o leste, e da segurança de rotas de energia. O desmantelamento da Jugoslávia também fez parte deste objectivo. A Jugoslávia era a potência regional dos Balcãs e do Sudeste da Europa. Isto foi feito através de estreita coordanação entre a aliança anglo-americana e a NATO. Agora todos os olhos estão sobre o Irão e a Síria. Haverá uma outra guerra iniciada pelos anglo-americanos no Médio Oriente?
Panorama da confrontação global contra o Irão
O Pentágono já redigiu planos para ataques patrocinados pelos EUA ao Irão e à Síria. [3] Apesar da dissimulação pública da diplomacia dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, tal como na Invasão do Iraque, o Irão e a Síria sentem outra guerra anglo-americana no horizonte. Ambos os países têm estado a fortalecer as suas defesa para a eventualidade da guerra com a aliança anglo-americana.
Um conflito contra o Irão e a Síria, se se concretizar, seria diferente dos anteriores conflitos patrocinados pelos anglo-americanos. Seria de âmbito mais vasto, mais mortífero, e teria frentes aéreas e navais activas.
O poder marítimo seria de maior significância do que na Jugoslávia, Afeganistão, Iraque e Líbano. Os Estados Unidos cobiçam uma vitória rápida. As probabilidades disto acontecer são desconhecidas. Se tiver de haver um conflito com o Irão, os Estados Unidos e os seus parceiros desejariam manter o Estreito de Ormuz aberto para o fluxo internacional de petróleo. O Estreito de Ormuz são a “linha energética vital do mundo.”
Os Estados Unidos sem dúvida apontariam rapidamente para o colapso das estruturas de comandos e militares iranianas e sírias.
Deve ser notado que as Forças Armadas Iranianas caracterizam-se pela organização militar bem estruturada, com capacidades militares avançadas, em comparação com a Jugoslávia, Afeganistão, Iraque e Líbano. Além disso, o Irão tem estado a preparar-se para um cenário de guerra com a aliança anglo-americana durante quase uma década. Estes preparativos foram adiantados a seguir ao ataque efectuado pela NATO-EUA à Jugoslávia (1999).
Os tipos de unidades militares e de sistemas de armas que estão a ser posicionados no Golfo Pérsico e no Mar Arábico pelos Estados Unidos são considerados os mais adequados para o combate contra o Irão, tendo também vista manter o Estreito de Ormuz aberto para petroleiros. Isto também inclui forças que seriam capazes de assegurar cabeças de ponte sobre a linha costeira iraniana. Estas forças americanas consistem de unidades de aviso precoce, de reconhecimento, elementos anfíbios, investigação marítima e unidades de resgate, detectores de minas e unidades de posicionamento rápido.
Grupos americanos de ataque: Navios destinados à guerra?
O U.S.S. Enterprise , nau capitânia da U.S. Navy, está posicionada para o Golfo Pérsico e o Mar da Arábia. Isto inclui todos os vasos de guerra que compõem o Carrier Strike Group 12 (CSG 12), o Destroyer Squadron 2 (DESRON 2) e o Carrier Air Wing 1 (CWW 1). O objectivo declarado para a instalação do U.S.S. Enterprise, um porta-voz movido a energia nuclear, e dos outros navios da U.S. Navy, e conduzir operações de segurança naval e missões aéreas na região. O posicionamento não menciona o Irão, diz ser parte da “Guerra ao Terror” conduzida pelos EUA sob a “Operação liberdade duradoura” (“Operation Enduring Freedom”).
O nome original da Operação Liberdade Duradoura foi “Operação Justiça Infinita”, o que destaca o âmbito e as intenções ilimitadas da Guerra ao Terror. A “Operação Liberdade Iraquiana”, que abrange a invasão anglo-americana e a ocupação continuada do Iraque também é um componente destas operações. Um grande número de navios de guerra americanos estão posicionados no Golfo Pérsico, no Golfo de Oman e no Mar da Arábia.
Apesar de ser dizer que este posicionamento está relacionado com operações militares em andamento no Iraque e no Afeganistão, os navios de guerra carregam consigo equipamento que não é destinado a estes dois teatros de guerra. Detectores de minas e caça-minas não tem absolutamente nenhuma utilidade no Afeganistão cercado de terra e não são necessários no Iraque, o qual tem um corredor marítimo e portos totalmente controlados pela aliança anglo-americana.
Outros navios de guerra no Enterprise Strike Group incluem o destróier U.S.S. McFaul, a fragata U.S.S. Nicholas, o cruzador de batalha U.S.S. Leyte Gulf, o submarino de ataque U.S.S. Alexandria, e o “navio apoio rápido em combate” U.S.N.S. Supply. O U.S.N.S. Supply será um vaso utilizável em confronto com forças iranianas no Golfo Pérsico em combate de proximidade (close-quarter). A velocidade será um factor importante para responder aos potencialmente letais mísseis iranianos e a ataques de mísseis anti-navio.
O U.S.S. Enterprise transporta consigo uma série de unidades de infiltração, ataques aéreos e de posicionamento rápido. Isto inclui o Marine Strike Fighter Squadron 251, o Electronic Attack Squadron 137, e o Airborne Early Warning Squadron 123. O Squadron 123 será vital no caso de uma guerra com o Irão para detectar mísseis iranianos e enviar avisos de perigo à frota estadunidense. Deveria ser feita uma menção especial ao esquadrão de helicópteros especializado em combate a submarinos que viaja com o grupo de ataque. O “Helicopter Anti-Submarine Squadron 11” estará a bordo do U.S.S. Enterprise. O Golfo Pérsico é conhecido por ser o lar da frota submarina iraniana, a única frota submarina nativa na região.
O Eisenhower Strike Group, com base em Norfolk, Virgínia, também recebeu ordens de se posicionar no Médio Oriente. O grupo de ataque é dirigido pelo U.S.S. Eisenhower, outro navio de batalha nuclear. Inclui um cruzador, um destróier, uma fragata de guerra, um submarino de escolta, e navios de abastecimento da U.S. Navy. Um destes dois grupos de ataque naval posicionar-se-á no Golfo de Oman e no Mar da Arábia enquanto o outro gupo de ataque naval posicionar-se-á no Golfo Pérsico, ambos afastados da costa iraniana.
Um outro grupo de assalto ou de ataque constituído por navios de guerra americanos, o “Expeditionary Strike Group 5” , também está a sair a caminho do mar. Este grupo de ataque está a sair da Estação Naval de San Diego tendo o Golfo Pérsico, no Médio Oriente, como seu destino final. Mais de 6000 pessoas dos U.S. Marines e da Navy de San Diego serão posicionados no Golfo Pérsico e no Iraque ocupado pelos anglo-americanos. [4] Aproximadamente 4000 marinheiros americanos e 2200 U.S. Marines da 15th Marine Expeditionary Unit, de Camp Pendleton, constituirão o grosso da força. Os navios de guerra e os soldados que transportam terão confirmadamente um período de serviço obrigatório no Golfo Pérsico e “possivelmente” no Iraque ocupado durante um semestre. Eles também serão acompanhados por outros navios, incluindo um vaso da Guarda Costeira. Uma equipe aérea de Marines com 38 helicópteros também está a bordo e em viagem para o Golfo Pérsico.
O contingente Marine da força não está destinado a posicionamento no Iraque. Deve ser notado que a 15th Marine Expeditionary Unit é, entretanto, capaz de “posicionar-se rapidamente” a pedido utilizando grandes barcos de desembarque armazenados a bordo do grupo de navios de guerra de ataque. Se ordenada, esta unidade de posicionamento rápido tem o forte potencial de ser utilizada como parte de uma força de invasão contra o Irão a partir do Golfo Pérsico. A unidade Marine seria o ideal para fazer parte de uma operação com o(s) objectivo(s) de assegurar portos iranianos para criar cabeças de ponte para uma invasão.
O Expeditionary Strike Group 5 (ESG 5) está a ser conduzido pelo navio de assalto U.S.S. Boxer como nau capitânia. O Expeditionary Strike Group 5 (ESG 5) também é constituído pelo U.S.S. Comstock, pelo cruzador de batalha U.S.S. Bunker Hill, pelo destróier transportador de mísseis guiados U.S.S. Benfold, e pelo destróier transportador de mísseis guiados U.S.S. Howard. Mais uma vez, estes vasos serão todos eles posicionados no Golfo Pérsico, em estreita proximidade da costa iraniana.
Vale a pena mencionar que a estrutura de comando e controle do grupo será separada dos vasos de guerra para flexibilidade máxima. Também antes de o grupo de ataque naval americano alcançar o Golfo Pérsico estará a executar “exercícios e operações anti-submarino”. Os exercícios anti-submarino terão lugar ao largo da costa do Hawai, no Oceano Pacífico. Isto pode ser treinamento e preparação destinada a combater a frota submarina iraniana no Golfo Pérsico e no Mar da Arábia. A partir do Hawai, os navios de guerra também serão acompanhados pela Guarda Costeira dos EUA com base em Seattle e por uma fragata do Canadá, a H.M.C.S. Ottawa.
O Canadá contribui para a concentração naval americana no Golfo Pérsico O governo conservador do primeiro-ministro Stephen Harper está a colaborar activamente neste esforço militar. A política externa do Canadá tem sido constantemente militarizada por dois governos sucessivos. O governo do primeiro-ministro Paul Martin (Liberal) implementou a “política das três dimensões”, dos “3 Ds” (“Diplomacia, Desenvolvimento e Defesa”) acrescentando um componente militar à ajuda externa e à assistência ao desenvolvimento do Canadá. Os 3 Ds levaram o Canadá a desempenhar um papel mais activo nas operações da NATO dirigidas pelos EUA no Afeganistão. Apesar do protesto público, o Canadá tornou-se um membro integral da aliança militar anglo-americana. O envolvimento do Canadá não se limita ao Afeganistão, como é sugerido nos relatos da imprensa e em declarações oficiais.
O H.M.C.S. Ottawa foi despachado para o Golfo Pérsico, zarpando em Setembro da Columbia Britânica. Oficialmente o H.M.C.S. Ottawa está a ser posicionado como parte da contribuição do Canadá para combater a “Guerra ao terrorismo”. O vaso canadiano é o primeiro navio publicamente conhecido a ser posicionado nas águas do Médio Oriente em cerca de um ano. [5] Este navio do Canadá está destinado a ser integrado no “Expeditionary Strike Group 5 (ESG 5), o qual ficará a navegar no Golfo Pérsico e no Golfo de Oman, ao largo da costa iraniana.
Pertencente à Frota Canadiana do Pacífico, o H.M.C.S. Ottawa será o vigésimo posicionamento naval oficial do Canadá em apoio aos Estados Unidos e Grã-Bretanha na Guerra ao terrorismo. Cerca de 225 pessoas estarão a bordo do navio canadiano, incluindo um destacamento de helicópteros Sea King. [6] Apesar de o H.M.C.S. Ottawa estar a apoiar a guerra ao terrorismo dirigida pelos americanos, deve também participar nos exercícios anti-submarino ao largo da costa do Hawai. Para que finalidade estão a ser conduzidos estes exercícios? Quantos países no Médio Oriente ou no Golfo Pérsico têm submarinos? O Irão é o único país no Golfo Pérsico, que não é um aliado dos EUA, a possuir uma frota submarina.
Guarda Costeira americana implicada nos conflito com o Irão
A Guarda Costeira americana é o quinto e o mais pequeno ramo das Forças Armadas dos EUA. Os outros quatro ramos militares americanos são os Fuzileiros Navais (Marines), a Armanda (Navy), a Força Aérea e o Exército. A Guarda Costeira é a única destas forças que é um terço militar, um terço aplicação da lei e um terço entidade de investigação e resgate. Em tempo de paz a Guarda Costeira fica sob a jurisdição e mandato do Departamento de Segurança Interna dos EUA (U.S. Department of Homeland Security), mas a pedido do Departamento da Defesa a Guarda Costeira pode operar em missões militares no mar. Em tempo de guerra, quando a necessidade for urgente, a Guarda Costeira cai sob a jurisdição directa do Pentágono como força militar.
A Guarda Costeira americana começa a ser mais utilizada e posicionada com a U.S. Navy. Guardas costeiros estão a ser preparados para operações no Golfo Pérsico e no Mar da Arábia. Embora isto não seja um acontecimento inabitual em si mesmo, pode ter um relacionamento significativo com outros eventos e movimentos militares que estão a desdobrar-se. A Guarda Costeira será de grande valia no caso de um conflito com o Irão. Ela pode “entrar em portos que outros navios de guerra não podem”. [7] Isto seria útil para assegurar cabeças de ponte de entrada para uma força de invasão ao Irão. A Guarda Costeira também está especializada em operações de investigação e resgate, ao contrário da U.S. Navy ou dos Marines. Isto é significativo uma vez que analistas militares prevêem que haverá certamente vasos americanos que serão destruídos e fortemente danificados no Golfo Pérsico pelas Forças Armadas do Irão no caso de um conflito entre os Estados Unidos e o Irão. A Guarda Costeira serão então crucial em operações de resgate, além de operações velozes, protegendo navios da U.S. Navy, e da entrada em portos ou praias em que outros navios de guerra não são capazes.
“O que trazemos para o grupo de ataque é a capacidade de conduzir operações de intercepção e de segurança marítima” e “As ferramentas utilizadas para combater o crime e salvar vidas em casa [nos Estados Unidos] são valiosas na zona de guerra [o Golfo Pérsico], elucida Lee Alexander, o comandante do U.S.S. Midgett. [8]
Relatos do media de ataques planeados ao Irão e à Síria
Tem havido vários relatos nos media internacionais, os quais têm proporcionado pormenores respeitantes aos planos militares para atacar o Irão e a Síria. Isto inclui relatos de fontes israelenses sobre ataques dirigidos à Síria, ao Irão e ao Líbano. Alguns destes relatos dos media citam mesmo membros do Knesset israelenses (MKs). [9] Os media alemães e europeus têm publicado vários artigos sobre o possível envolvimento da NATO e da Turquia nos planeados ataques aéreos americanos ao Irão. The Times (Reino Unido) relatou em Março de 2006 que:
Quando o major-general Axel Tüttelmann, chefe da Airborne Early Warning and Control Force da NATO, mostrou um avião AWAC de advertência e vigilância antecipada em Israel duas semanas atrás, ele provocou um alvoroço de preocupações no quartel general [da NATO] em Bruxelas. Não foi a sua demonstração que levantou as sobrancelhas, mas o que ele disse acerca do possível envolvimento da NATO em qualquer futuro ataque militar [anglo-americano] contra o Irão. ‘Nós seria os primeiros a ser convocados se o conselho da NATO decidir que deveríamos sê-lo’, disse ele. A NATO preferiria que a ênfase permancesse no “se”, mas os comentários de Tüttelmann revelaram que a aliança militar [podia] desempenhar um papel de apoio se os EUA lançarem ataques aéreos contra objectivos nucleares iranianos [incluindo instalações militares, sítios industriais e infraestrutura]. [10]
Em Dezembro de 2005 a United Press International (UPI) relatou que:
A administração Bush está a preparar seus aliados da NATO para um possível ataque militar contra sítios suspeitos de actividade nuclear no Irão no Ano Novo [2006], segundo relatos dos media alemães, reforçando sugestões anteriores nos media turcos.
O diário de Berlim Der Tagesspiegel desta semana citou “fontes da inteligência da NATO” as quais afirmaram que os aliados da NATO foram informados de que os Estados Unidos estão actualmente a investigar todas as possibilidades de por o regime liderado pelos mullah [governo iraniano] dentro da linha, incluindo opções militares. Esta linha de “todas as opções estão abertas” tem sido a política declarada publicamente pelo presidente George W. Bush ao longo dos últimos 18 meses.
Mas o respeitado semanários alemão Der Spiegel observa: “O que é novo aqui é que Washington parece estar a despachar oficiais de alta patente para preparar seus aliados para um possível ataque ao invés de simplesmente implicar a possibilidade como fez repetidamente durante o ano passado [2005].”
A agência de notícias alemã DDP citou “fontes de segurança ocidentais” para afirmar que o director da CIA Porter Gross pediu ao primeiro-ministro da Turquia Recep Tayyip Erdogan para proporcionar apoio político e logístico a ataques aéreos contra alvos nucleares e militares iranianos. De Goss, que visitou Ancara e encontrou-se com Erdogan em 12 de Dezembro [de 2005] também foi mencionado que pediu a cooperação especial da inteligência turca para ajudar e monitorar a operação.
[…]
A DDP citou fontes de segurança alemãs, as quais acrescentaram que aos turcos fora assegurado um aviso prévio se e quando os ataques militares se verificassem, e que também lhes fora dado “um sinal verde” para montarem os seus próprios ataques a bases do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos) no Paquistão, que o governo turco encara como o grupo separatista responsável por ataques terroristas dentro da Turquia. [11]
O “sinal verde” dado pelos Estados Unidos para incursões militares turcas com toda probabilidade também incluiria o Curdistão, inclusive alguns pontos no Curdistão iraquiano e áreas na Síria habitadas por curdos.
A revista Times e a “Preparação para a ordem de posicionamento” do Eisenhower Strike Group
Os relatos americanos mais recentes fornecem pormenores de preparativos para ir à guerra com o Irão e a Síria. A revista Time confirma que foram dadas ordens para que em Outubro de 2006 se posicionassem no Golfo Pérsico um submarino, um navio de batalha, dois detectores de minas e dois caça-minas. Há muito poucos lugares no mundo onde detectores de minas seriam necessários ou utilizáveis além do Golfo Pérsico. Também há muito poucos lugares em que sejam exigidos exercícios anti-submarinos, além do Golfo Pérsico.
Exercícios anti-submarinos é o que está a fazer no Pacífico o Expeditionary Strike Group 5 (EST 5) antes de aproar para o Golfo Pérsico, juntamente com o H.M.C.S. Ottawa do Canadá e unidades da Guarda Costeira americana.
O artigo da revista Times dá a entender que a operação poderia resultar em pesadas baixas americanas:
A primeira mensagem era bastante rotineira: um ‘Preparem-se para ordem de posicionamento’ enviada através dos canais de comunicação navais a um submarino, um cruzador classe Aegis, dois detectores de minas e dois caça-minas. As ordens não ordenavam realmente que os navios saíssem do porto, diziam apenas para estarem prontas para se moverem em 1 de Outubro [de 2006]. Um posicionamento de detectores de minas na costa leste do Irão pareceria sugerir que uma perspectiva muita discutida, mas até agora principalmente teórica, tornara-se real: que os EUA podem estar a preparar-se para a guerra com o Irão. [12]
O premiado repórter investigador e jornalista Dave Lindorff escreveu:
O [reformado] coronel Gardiner, que ensinou estratégia militar no National War College [dos EUA], afirma que o posicionamento de porta-aviões [da U.S. Navy] e uma data de chegada ao Golfo Pérsico aprazada para 21 de Outubro [2006] é “prova muito importante” de planeamento de guerra. Ele afirma: “Sei que algumas forças navais já receberam ‘ordens preparem-se para posicionar-se’ [‘prepare to deploy orders’, PTDOs], as quais estabeleceram a data de 1 de Outubro [2006] para estarem prontas a partir. Uma vez que demoraria aproximadamente de 2 de Outubro a 21 de Outubro por aquelas forças na região do Golfo [Pérsico], parece estar em torno desta data” qualquer possível acção militar contra o Irão. (Um PTDO significa que todas as tripulações deveriam estar nas suas estações, e os navios e aviões deveriam estar prontos para partir, numa certa data — neste caso, confirmadamente, 1 de Outubro). Gardiner observa: “Você não pode emitir um PTDO e então permanecer pronto por muito tempo. É uma ordem muito significativa, e não é feita como exercício de treinamento”. Este ponto também era destacado no artigo da Time.
[…]
“Penso que o plano seleccionado é bombardear os sítios nucleares no Irão”, afirma Gardiner. “É uma ideia terrível, é contra a lei americana e contra o direito internacional, mas penso que eles decidiram fazê-lo”. Gardiner afirma que enquanto tem a capacidade para atingir aqueles sítios com seus mísseis de cruzeiro, “os iranianos têm muito mais opções do que nós [os Estados Unidos].
[…]
Naturalmente, concorda Gardiner, movimentos recentes de navios e outros sinais de prontidão militar podiam ser simplesmente um logro (bluff) concebido para mostrar dureza na negociação com o Irão acerca do seu programa nuclear. Mas com a costa iraniana confirmadamente armada até os dentes com mísseis anti-navio chineses Silkworm, e possivelmente ainda mais refinadas armas russas anti-navio, contra as quais a U.S. Navy tem poucas defesas confiáveis, parece improvável que a Navy arriscasse activos de alto valor como porta-aviões ou cruzadores com uma tal táctica. Nem o logro tem sido uma [táctica] da administração Bush até à data. [13]
O Pentágono respondeu rapidamente ao relato da revista Times dizendo que o Chefe de Operações Navais havia simplesmente pedido à U.S. Navy para “olhar novamente antigos planos americanos para bloquear dois portos iranianos no Golfo [Pérsico].”[14] Esta resposta em si mesma é questionável para analistas. Por que os Estados Unidos desejariam travar o fluxo de petróleo do Irão, um grande país exportador, que prejudicaria os aliados dos EUA e a economia mundial?
Forças navais iranianas e mísseis anti-navio
O poder naval iraniana está dividida em duas forças principais. Uma é a Marinha dentro das Forças Armadas Regulares Iranianas e a outra é o ramo naval da Guarda Revolucionária Iraniana. Ambas as forças têm estado a actualizar-se e a melhorar o seu equipamento ao longo de anos. O objectivo de ambas as forças navais é actuar como um dissuasor à ameaça de invasão ou de ataque por parte dos Estados Unidos.
O Irão tem uma frota submarina de fabricação iraniana e russa, uma frota de aerobarcos (hovercraft) que foi outrora a maior do mundo, ROVs (remotely operated vehicles), vários navios de superfície de diferentes dimensões e operações, unidades navais aerotransportadas (airborne) que incluem vários esquadrões de helicópteros, detectores de minas e um vasto arsenal de mísseis anti-navio. A frota submarina iraniana também inclui mini-submarinos fabricados internamente no Irão. [15]
O Irão tem estado num processo de fortalecimento naval ao longo da última década. Por exemplo: em conexão com os jogos de guerra e exercicios iranianos de Agosto de 2006, os militares daquele país apresentaram o seu mais recente “Patrol Torpedo (PT) boats.” Os botes PT são pequenos vasos navais que têm sido usados efectivamente para atacar navios de guerra maiores. Estes tipos de navios podiam ser uma ameaça para os grupos de ataque americano a posicionarem-se no Golfo Pérsico e no Mar da Arábia.
O Comandante Naval Kouchaki contou à Fars New Agency (FNA) que “Joshan [um novo bote PT iraniano] desfruta da mais recente tecnologia mundial, especialmente quanto aos seus sistemas militares, eléctricos e electrónicos, estrutura e chassis, e tem as capacidades exigidas para lançar mísseis poderosos.” “Semelhante ao primeiro bote PT ‘Peykan’, o ‘Joshan’ também tem uma velocidade de mais de 45 nós [83,34 km/h] o que o torna ainda mais rápido do que a mesma geração de botes PT fabricada por outros países. O vaso é capaz de utilizar vários mísseis e foguetes com um alcance superior a 100 km, tem alta manobrabilidade o que o ajuda a escapar de torpedos, e desfruta do mais avançado projéctil marítimo do mundo, chamado ‘Fair.'” O projéctil, com 76 mm de calibre, que só o Irão, os Estados Unidos e a Itália podem fabricar, do novo bote PT iraniano também desfruta de uma vasta variedade de capacidades militares e pode atingir alvos marítimos e aéreos até a 19 km de distância. [16]
O Irão também testou uma série de mísseis anti-navio “submarino para a superfície” durante os seus jogos de guerra de Agosto de 2006. [17] Estes últimos parecem ter levantado alguma preocupação pelo facto de que o Irão poderia interromper o fluxo de petróleo através do Golfo Pérsico no caso de um assalto anglo-americano. [18]
Nos seus jogos de guerra de Abril de 2006, o Irão testou um míssil anti-navio, confirmado como “o mais rápido do mundo”, com uma velocidade máxima de aproximadamente 362 quilómetros por hora. O míssil anti-navio é destinado a destruir grandes submarinos e diz-se ser “demasiado rápido para que a maior parte dos vasos possa escapar” mesmo que ele seja detectado pelos seus radares. [19] Sistemas de aviso antecipado serão essenciais para os EUA ao combater os militares iranianos.
Se nuvens de tempestade devessem pairar acima do Golfo Pérsico, os Estados Unidos terão de manter o Estreito de Ormuz aberto, o tráfego internacional de petróleo em movimento, e simultaneamente enfrentar uma grande barragem de mísseis iranianos de terra, ar e mar. Isto inclui mortíferos mísseis anti-navio que os iranianos desenvolveram com a ajuda da Rússia e da China.
Tem havido advertências de analistas de que o Golfo Pérsico poderia ser encerrado e transformado numa galeria de tiro pelas Forças Armadas Iranianas. O armamento iraniano também é relatado como sendo invisível ao radar e pode viajar a altas velocidades. Dentre os nomes mencionados em relação aos mísseis anti-navio iranianos estão os russos e chineses “Silkworms” e “Sunburns” modificados, os quais são baseados em modelos soviéticos anteriores. O arsenal iraniano inclui mísseis anti-navio como o C-802 e o Kowar. Os mísseis anti-navio C-802 tem origem na China. Os mísseis Kowsar são basicamente mísseis anti-navio baseados em terra (mísseis terra-mar) os quais podem esquivar-se a sistema de interferência electrónicos. [20]
Nesta etapa, é impossível dizer como a U.S. Navy e a Guarda Costeira americana se desempenharão contra os mísseis anti-navio iranianos no contexto de uma “situação de combate real.”
A Navy e os movimentos de tropas no Mediterrâneo Oriental
Também há um considerável movimento militar e concentração de forças aliados no Mediterrâneo Oriental, formalmente sob o disfarce de uma operação de manutenção da paz de acordo com a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.
A Itália reposicionou no Líbano tropas italianas do Iraque, incluindo unidades de comando e unidades blindadas de reconhecimento. Duas unidades de fuzileiros navais, uma pertencente ao Exército e outra à Marinha italianas, foram enviadas para o Líbano. Ambas são unidades veteranas com passagens de serviços separadas no Iraque ocupado pelos anglo-americanos. O Exército Italiano enviou o “Lagunan” do “Regimento Serenissima” da unidade de infantaria de fuzileiros navais com base em Veneza, ao passo que a Marinha italiana enviou o “Regimento San Marco.”
Unidades e tropas espanholas foram posicionadas próximo a Tyre e à fronteira israelense no Sul do Líbano. A Espanha, com dois navios de guerra ao largo da costa do Líbano, terá a terceira maior força da UE, após a Itália e a França. [21] Grandes contingentes de tropas espanholas estão, além disso, baseado longe da costa mediterrânica, em torno de Jdeidet-Marjayoun (Marjayoun), próximo à fronteira síria e tanto nas Quintas de Sheba como nas Alturas do Golan ocupados por Israel.
Navios de guerra alemães também se juntarão aos vasos dos outros membros da NATO no patrulhamento das costas do Mediterrâneo Oriental. Os alemães finalmente assumirão o comando das forças navais da Itália. O governo alemão lançou fragatas de batalha e botes de patrulha rápidos no Líbano pós-sitio. [22]
A missão naval, o primeiro posicionamento alemão no Médio Oriente desde o fim da Segunda Guerra Mundial, foi apoiado por 442 legisladores, com 152 votos contra e cinco abstenções. Até 2400 tropas navais alemãs serão agora posicionadas na região, com base num mandato de um ano que expira em 31 de Agosto de 2007. A missão eleva o número de soldados alemães a servirem além mar acima dos 10 mil pela primeira vez na história desde o pós-guerra [pós-Segunda Guerra Mundial]. [23]
O governo de coligação da Dinamarca, formado pelo Partido Conservador do Povo e pelo Partido Liberal, tem sido um firme apoiante dos objectivos militares anglo-americanos. O governo dinamarquês liderado pelo primeiro-ministro Anders Fogh Ramussen enviou tropas dinamarquesas tanto para o Iraque ocupado como para as guarnições da NATO no Afeganistão. Três navios de guerra dinamarqueses zarparam para o Mediterrâneo Oriental para juntar-se à armada de navios de guerra da NATO que se reúne ao largo das costas libanesas e sírias. A Peter Tordenskiold, uma corveta naval, e dois cruzadores com mísseis dinamarqueses, o Raven e o Hawk, têm estado em prontidão para operações militares no Mediterrâneo Oriental desde o fim do sítio ao Líbano patrocinado pelos anglo-americanos. O apêndice naval dinamarquês tem estado à espera em Wilhelmshaven, uma base naval alemã, por uma “ordem de avançar” por aproximadamente duas semanas no princípio de Setembro de 2006. [24] O governo dinamarquês também está a falar no envio de mais tropas para o Afeganistão, as quais juntar-se-iam às 2000 tropas a serem despachadas pela Roménia e Polónia no princípio de Outubro de 2006. [25]
No Líbano, a França está envolvida em operações militares sobre o terreno, enquanto navios italianos e alemães encabeçam a missão naval do Mediterrâneo Oriental. Cerca de 2000 tropas francesas estão destinadas a serem posicionadas no Líbano. Tanques franceses e unidades blindadas ajudaram a formar “o mais poderoso grupo armado já posicionado por uma força de manutenção da paz das Nações Unidas” na história. [26]
Navios gregos também fazem parte da armada naval no Mediterrâneo Oriental. Dez navios de guerra gregos, os quais incluem unidades de mergulho e helicópteros da marinha, acrescentaram seu poder à força naval da NATO ao largo do Líbano com ordens para “utilizar a força se necessário”. O compromisso naval grego está a decorrer com um custo para o governo grego de aproximadamente 150 mil euros por semana de operação. Os navios de guerra gregos atracarão no porto sulista de Larnaca, no lado sul da ilha de Chipre e em frente ao Líbano. Isto até que as instalações navais na capital libanesa, Beirute, estejam consideradas prontas e seguras pelos comandantes da armada naval. [27]
A Holanda está a posicionar navios de guerra em revezamento, com 150 marinheiros holandeses. Os navios de guerra holandeses compreenderão uma fragata e um navio de abastecimento que proporciona apoio logístico à frota naval reunida no Mediterrâneo Oriental. O posicionamento holandês começaria em algum momento de Outubro de 2006 e continuará a sulcar o Mediterrâneo Oriental até Agosto de 2007. O ministro holandês da Defesa disse também que o compromisso do seu país podia ser estendido por um período extra de 12 meses. [28]
A Bélgica também despachou 400 tropas para o Sul do Líbano. O ministro belga da Defesa foi um dos vários responsáveis pela defesa que visitou o Líbano para efectuar preparativos para operações militares ali. [29] Outros oficiais de defesa, em ligação com o Líbano, foram despachados pela Itália e pela França.
As tropas turcas ainda não se posicionaram no Líbano e enfrentam forte oposição interna. A Turquia, um aliado de Israel e membro da NATO, está para enviar tropas para o Líbano no fim de Outubro de 2006. [30] Isto está a acontecer apesar do clamor público de massa e da oposição na Turquia ao posicionamento de soldados turcos no Líbano.
Um antigo representante civil da Turquia junto à NATO no Afeganistão, Hikmet Cetin, numa entrevista televisada tentou tranquilizar a opinião pública turca, enfatizando que as tropas turcas estariam a ir para o Afeganistão ao invés de irem para o Líbano: “…o número de soldados turcos [no Afeganistão] mais do que duplicou, de 300 para 700, ao longo do último mês [Setembro de 2006]. Ancara pode aumentar o número de soldados no período vindouro para a segurança de Cabul [Afeganistão], mas não enviará soldados para confrontos [no Sul do Líbano].” [31] A Bulgária, outro membro da NATO com tropas no Afeganistão e (até 2005/2006) no Iraque, estará a enviar forças navais e terrestres para o Líbano. [32]
Por sua vez, a Grã-Bretanha estará a despachar um pequeno contingente de tropas para o Sul do Líbano. [33] Os Emirados Árabes Unidos (UAE), um reino árabe, foi dado um mandato para limpar as minas terrestres israelenses e armadilhas explosivas (booby-traps) deixadas ao sul do Rio Litani, [34] uma importante fonte de água no Levante em que Israel sempre fixou os seus olhos. Os UAE contrataram as suas operações de desminagem no Sul do Líbano com uma firma britânica de segurança. A firma britânica, “ArmorGroup International”, recebeu US$ 5,6 milhões (2,9 milhões de libras esterlinas) pelo contrato para um ano de trabalho no Sul do Líbano. [35] O ArmorGroup também tem estado a proporcionar segurança aos militares dos Estados Unidos no Iraque, no Golfo Pérsico e no Afeganistão, incluindo protecção de instalações da U.S. Navy no Bahrain. A firma britânica de segurança também tem fornecido segurança a consórcios de petróleo e gás na Arábia Saudita, Jordânia, Kuwait, Nigéria e na antiga União Soviética, incluindo o Casaquistão e a República do Azerbaijão. [36] Tal como no Afeganistão e no Iraque ocupado pelos anglo-americanos, as firmas privadas de segurança começam a mover-se também no Líbano, juntamente com a NATO.
A NATO tem-se movimentado “não oficialmente” para preencher o vácuo deixado pela guerra no Líbano, tal como o fez “oficialmente” no caso do Afeganistão. A NATO assinou um acordo de cooperação militar com Israel em 2005. Estas tropas da NATO poderiam tornar-se uma força de ocupação, como no caso do Afeganistão. [37]
As forças terrestres israelenses não se retiraram plenamente do Sul do Líbano de acordo com a resolução do Conselho de Segurança da ONU e o cessar fogo. Enquanto isso, os vasos israelenses transferiram a responsabilidade pela aplicação do embargo naval ilegal no Líbano para os navios de guerra da NATO. Este embargo naval recorda as ilegais “Zonas de não voo” (No-fly Zones) estabelecidas sobre o Iraque pela Nações Unidas, Grã-Bretanha e França, as quais contribuíram para o enfraquecimento do Iraque nos anos anteriores às invasão anglo-americana de 2003.
A questão crucial é se este embargo naval e militarização do Mediterrâneo Oriental é parte dos preparativos para futura(s) operação(ões) militar(es) dirigidas contra a Síria. O embargo ilegal tem a aprovação da ONU. É mantido como parte da “monitoração” da costa libanesa para fiscalizar a entrada de fornecimentos militares e armas ao Líbano.
A Rússia e a China enviam tropas para o Líbano, um movimento estratégico simétrico
A Federação Russa e a República Popular da China também posicionaram tropas no Líbano. Será isto para a “manutenção da paz” ou haverá outros objectivos de natureza estratégica?
Um batalhão de sapadores russos (militares de campo/engenheiros de combate) também está a ser aerotransportado para o Líbano pela Força Aérea Russa. [38] O ministro russo da Defesa disse que os sapadores russos e o seu batalhão começarão a trabalhar no Líbano no princípio de Outubro de 2006. Tudo o que é formalmente necessário é “um acordo sobre o status do batalhão de engenheiros de combate com o governo libanês.” [39]
As tropas russas serão posicionadas próximo à cidade de Sidon (Saida) no Sul do Líbano, junto à costa do Mediterrâneo. Enquanto as tropas russas estão a acabar de entrar no Líbano, há também uma presença naval russa no litoral sírio. [40] (Ver Russian Base in Syria, a Symmetrical Strategic Move por Mahdi Darius Nazemroaya, July, 2006)
Ao contrário dos seus aliados russos, as tropas chinesas estavam presentes no Líbano antes dos ataques israelenses patrocinados pelos anglo-americanos. A presença chinesa no Líbano estava sob a autoridade de uma pequena força de manutenção da paz das Nações Unidas. Cerca de 200 engenheiros militares chineses já trabalham para a ONU no Sul do Líbano a limpar minas e munições não explodidas. A pequena força da ONU viu a morte de um dos seus membros chinês às mãos dos ataques israelenses durante o assalto ao Líbano patrocinado pelos anglo-americanos. Aproximadamente outros 1000 soldados serão acrescentadas à presença militar chinesa no Líbano. [41]
As forças chinesas e russas também estarão na estreita proximidade do Porto de Ceyhan e da rota de energia a ser aberta no Mediterrâneo Oriental. Isto é uma acção simétrica se se considerar a presença militar dos EUA e o apoio de Formosa como um meio de controlar a rota estratégica do petróleo do Médio Oriente para a China e o Japão. [42]
A Rússia e a China são os dois maiores membros da Organização de Cooperação de Shanhai (Shanghai Cooperation Organization, SCO). Eles são membros permanentes dos Conselho de Segurança da ONU, que se opõe decisivamente às iniciativas anglo-americanas no Médio Oriente, na Península Coreana e no Sudão. Adicionalmente, a Rússia e a China, juntamente com o Irão, estão a desafiar os interesses petrolíferos anglo-americanos na Ásia Central e na Bacia do Mar Cáspio.
Israel é uma extensão da aliança anglo-americana e também da NATO através de um pacto militar com a Turquia e do “NATO-Mediterranean Dialogue”, incluindo a Istanbul Cooperation Initiative de 29 de Junho de 2004. [43] Com a concentração e preparação de tropas dos estados membros da NATO, a Rússia e a China podiam estar a enviar tropas para o Líbano num deliberado movimento simétrico a fim de estabelecer um equilíbrio militar no importante balanceamento de forças no Levante e no Mediterrâneo Oriental.
A guerra ao Líbano e a batalha pelo petróleo: O terminal petrolífero Baku-Tbilisi-Cehyan
Há uma inegável competição internacional por recursos energéticos no mundo. O Baku-Tbilisi-Cehyan (BTC) Oil Terminal (também chamado Caspian-Mediterranean Oil Terminal) tem uma saída na costa turca do Mediterrâneo Oriental, muito próxima da Síria e do Líbano. A abertura deste oleoduto é uma importante vitória geo-estratégica. Trata-se de uma vitória geo-estratégica para a aliança anglo-americana, para Israel, para as grandes companhias petrolíferas e para os seus parceiros, mas por outro lado é uma regressão para a Rússia, a China e o Irão. Parece que a soberania do Líbano foi colocada em novos perigos com a abertura daquele estratégico terminal petrolífero.
A ocupação do Afeganistão (2001) e do Iraque (2003) foi seguida pela militarização do Mediterrâneo Oriental. [44] O assalto israelense de Julho de 2006 ao Líbano está intimamente relacionado com a abertura do Terminal Petrolífero Baku-Tbilisi-Cehyan (BTC), a movimentação de vasos navais no Golfo Pérsico – Mar da Arábia, e uma guerra prevista contra o Irão e a Síria.
A Síria também está a dar passo para fortalecer o seu poder militar. A Rússia está a ajudar a Síria a instalar e elevar a capacidade dos seus sistemas de defesa aérea. Os militares sírios além disso fizeram numerosas encomendas de aviões de guerra e mísseis fabricados pelos russos e iranianos. A Bielorússia e a China também estão a ajudar os militares sírios.
O Professor Michel Chossudovsky deu pormenores acerca da guerra israelense ao Líbano, da militarização do Mediterrâneo Oriental e da rivalidade internacional por recursos energéticos:
Haverá um relacionamento entre o bombardeamento do Líbano e a inauguração do mais estratégico oleoduto do mundo, que transportará mais de um milhão de barris de petróleo por dia para mercados ocidentais?
Virtualmente desapercebida, a inauguração do oleoduto Ceyhan-Tbilisi-Baku (BTC), que liga o Mar Cáspio ao Mediterrâneo Oriental, têve lugar em 13 de Julho de 2006, mesmo na véspera dos bombardeamentos israelenses do Líbano.
[…]
O bombardeamento do Líbano é parte de um roteiro militar cuidadosamente planeado e coordenado. A extensão da guerra à Síria e ao Irão já foi contemplada pelos planeadores militares dos EUA e de Israel. Esta vasta agenda militar está intimamente relacionada com petróleo e oleodutos estratégicos. É apoiada pelos gigantes petrolíferos do ocidente, os quais controlam os corredores de oleodutos. No contexto da guerra ao Líbano, eles procuram o controle territorial israelense sobre a linha da costa do Mediterrâneo Oriental.
(The War on Lebanon and the Battle for Oil, Global Research, July 26, 2006)
A Síria e o Líbano devem ser subjugados se os Estados Unidos e os seus parceiros quiserem assegurar a linha costeira do Mediterrâneo Oriental para expandir o terminal desde Ceyhan, Turquia, a Israel, impedindo a Rússia e a China de assegurarem recursos energéticos internacionais e, finalmente, criando um monopólio sobre os recursos energéticos mundiais.
O Mediterrâneo Oriental, uma “segunda frente” guardada pela NATO?
Tem havido uma significativa concentração de força militar, incluindo poder naval, no Líbano e nas águas do Mediterrâneo Oriental. Esta força é composta por tropas e vasos navais de vários países da NATO incluindo a Itália, Espanha, França, Turquia, Alemanha e Holanda.
A “Operação esforço activo” (“Operation Active Endeavor”) da NATO, implementada na sequência do 11/Set está plenamente integrada na “Guerra ao terrorismo” patrocinada pelos EUA. A operação é superintendida pelo Comandante da “NATO Allied Naval Forces, Southern Europe”, com base em Nápoles.
O Mediterrâneo Oriental, uma “segunda frente” guardada pela NATO?
Tem havido uma significativa concentração de força militar, incluindo poder naval, no Líbano e nas águas do Mediterrâneo Oriental. Esta força é composta por tropas e vasos navais de vários países da NATO incluindo a Itália, Espanha, França, Turquia, Alemanha e Holanda.
A “Operação esforço activo” (“Operation Active Endeavor”) da NATO, implementada na sequência do 11/Set está plenamente integrada na “Guerra ao terrorismo” patrocinada pelos EUA. A operação é superintendida pelo Comandante da “NATO Allied Naval Forces, Southern Europe”, com base em Nápoles.
Neste contexto, uma força tarefa naval de navios da NATO tem estado a monitorar o Mediterrâneo Oriental desde o fim de 2001, anos antes dos assalto aéreo israelense ao Líbano (2006). Esta força tarefa de navios da NATO foi “treinada e preparada para uma operação prolongada no Mediterrâneo Oriental desde 2001”. [45]
De acordo com uma fonte israelense, a presença militar da NATO no Mediterrâneo Oriental faz parte dos planos de guerra relativos à Síria e ao Irão:
Esta expectativa [de uma guerra lançada contra o Irão e a Síria] reuniu a maior armada de mar e ar que a Europa [NATO] já alguma vez montou em qualquer ponto da terra desde a Segunda Guerra Mundial: dois porta-aviões com 75 caças-bombardeiros, aviões espiões e helicópteros sobre os seus conveses; 15 navios de guerra de vários tipos — 7 franceses, 5 italianos, 2-3 gregos, 3-5 alemães e 5 americanos, milhares de fuzileiros navais — franceses, italianos e alemães, bem como 1800 Marines americanos. É improvavelmente facturado como apoio a uns meros [espera-se] 7000 soldados europeus que estão colocados no Líbano para impedir que a reduzida força israelense de 4-5000 soldados e alguns 15-16000 milicianos do Hezbollah chegue a brigar, bem como para biscates humanitários. […] Assim, se não é para o Líbano, por que é que este magnífico conjunto de poder naval está ali? Primeiro, segundo nossas fontes militares [em Israel], os participantes europeus sentem a necessidade de uma forte presença naval no Mediterrâneo Oriental para impedir que uma possível guerra iraniano-americana-israelense faça disparar um ataque de mísseis Shahab iranianos com longo raio de acção sobre a Europa [bases americanas-NATO utilizadas contra o Irão], segundo, como um dissuasor para fazer com que a Síria e o Hezbollah desistam de abrir uma segunda frente contra os EUA e Israel a partir das suas costas no Mediterrâneo Oriental. [46]
No caso de uma guerra com a Síria e o Irão, as forças da NATO no Mediterrâneo Oriental não teriam dúvidas em desempenhar um papel decisivo. O Mediterrâneo Oriental tornar-se-ia uma das várias frentes, as quais poderiam incluir o Iraque, a Turquia, o Paquistão, o Afeganistão e o Golfo Pérsico.
O “alargamento” da NATO e o Cáucaso
Tal como aconteceu no Afeganistão, a NATO posicionou-se estrategicamente no Líbano. Ao abrigo de um mandato formal de manutenção da paz, a NATO tornou-se numa força de ocupação de facto que faz parte da agenda anglo-americana.
Há mais dois factores que encaixam na equação da NATO. O primeiro é a militarização da Geórgia e da República do Azerbeijão, duas repúblicas da ex-União Soviética que estão firmemente alinhadas com a NATO. A Geórgia ocupa uma posição estratégica no que se refere ao controlo e protecção dos corredores dos pipelines petrolíferos a partir da Bacia do Mar Cáspio. Também cosntitui uma cunha entre a Rússia, a Arménia e o Irão. O Azerbeijão é acima de tudo o petróleo na bacia do Mar Cáspio à entrada do pipeline Baku-Tbilisi-Ceyhan.
É a Geórgia que está a ser apoiada militarmente para se opôr à Rússia, ao Irão e à Arménia, sua aliada. O Afeganistão a leste, o Cáucaso a norte e o Levante a oeste formam um triângulo estratégico, em que o Iraque e o Irão se situam algures no seu centro. A Geórgia é essencial para conquistar o controlo desta área a partir do norte. A região do Cáucaso é também uma frente interligada com o Médio Oriente e a Ásia Central e que se tornará mais activa à medida que o mapa militar anglo-americano avançar.
Parece que as tensões crescentes entre a Rússia e a Geórgia fazem parte deste processo. A intranquilidade civil e os conflitos no Cáucaso estão intimamente relacionados com a luta para garantir os recursos energéticos do Médio Oriente e da Ásia Central.
Os Balcãs, o coração da Ásia Central, e o Sudão são outro triângulo estratégico do mapa militar anglo-americano. A reconfiguração da Jugoslávia e a entrada na esfera da NATO de estados como a Bulgária, a Albânia, Montenegro e a Macedónia também são passos essenciais no mapa anglo-americano.
A Rússia foi ultrajada pelo acolhimento dos rebeldes tchechenos na Geórgia e pela colaboração do governo da Geórgia com os Estados Unidos para minar a influência russa no Cáucaso. A Rússia reagiu e tentou opor-se à influência da Geórgia e da aliança anglo-americana no Cáucaso apoiando os movimentos separatistas da Abkacia e da Ossécia do Sul. Além disso, a delimitação de fronteiras tornou-se um problema entre a Geórgia e a Rússia. Tudo isto resultou num empate desconfortável, mas parece que a situação está a alterar-se. Tropas russas têm estado também a sair das suas bases na Geórgia e tem havido um crescendo de tensões entre os russos, por um lado, e a Geórgia e a NATO, por outro. [47]
Durante o mês de Setembro de 2006 as relações chegaram à beira do colapso. O governo da Geórgia acusou os militares russos de espionagem na Geórgia e a Federação Russa de tentar derrubar o governo da Geórgia e instalar em seu lugar um governo pró-russo e anti-NATO. Além disso, forças da Ossécia do Sul abateram um helicóptero com o ministro da defesa da Geórgia a bordo e, dias depois, autoridades da Geórgia abortaram o que disseram ser uma tentativa de um “coup d’état” apoiado pela Rússia, coisa que a Rússia desmente. [48]
Há também um paralelo flagrante entre as “operações de manutenção de paz” na Geórgia e no Líbano. Ambas são operações de fachada com uma agenda oculta. Na Geórgia são as tropas russas que estão posicionadas como forças para a manutenção da paz e no Líbano a manutenção da paz é dominada “não oficialmente” pela NATO. O ministro dos estrangeiros da Geórgia disse, “Se continuarmos a manter a situação [na Geórgia]… com os actuais actores e com o poder dominante da Rússia… vamos acabar na violência [guerra]”. Exigiu a retirada das tropas russas situadas na Geórgia e acusou Moscovo de procurar sabotar o governo da Geórgia. [49]
O segundo factor é a rápida política expansionista da NATO. A NATO tem vindo a expandir-se para leste. Está agora a tentar a entrada na NATO da Geórgia, da República do Azerbeijão, da Ucrânia e de outros países. [50] O ministro dos estrangeiros russo disse ao secretário-geral da NATO que a “Reconfiguração das forças militares da NATO na Europa, assim como o desejo dos Estados Unidos de posicionar alguns locais de lançamento de mísseis na Europa de Leste são de grande preocupação para nós [Federação Russa]”. [51]
Quanto a este aspecto, a Associated Press assinala tensões crescentes entre a Federação Russa e a NATO, no que se refere à entrada da Geórgia para a NATO:
Moscovo [o governo russo] denunciou a jogada [de a Geórgia se comprometer ainda mais com a NATO] como um regresso à Guerra Fria que prejudica os interesses da Rússia e pode desestabilizar ainda mais a região do Cáucaso. O ministro da defesa russo Sergei Ivanov ameaçou enviar duas divisões de tropas russas para a fronteira com a Geórgia para garantir que a “segurança da Rússia não será beliscada se a Geórgia entrar para a NATO.”
As relações tensas entre a Rússia e a Geórgia pioraram na quinta-feira quando Moscovo fez regressar o seu embaixador, anunciou o regresso de diplomatas e se queixou às Nações Unidas da detenção na Geórgia de cinco funcionários russos acusados de espionagem. Sergei Ivanov chamou à Geórgia um “estado bandido”.
Na sexta-feira a Geórgia acusou de espionagem quatro dos funcionários, preparando-se para os levar a julgamento no final do dia, disse Shota Khizanishvili, porta-voz do ministro do interior. Um quinto funcionário foi libertado na sexta-feira (Setembro de 2006). [52]
Formação de uma Aliança Militar da Eurásia?
Desde Agosto de 2006 que a Rússia, a China, o Casaquistão, o Uzbequistão, o Tajiquistão e o Quirguistão têm efectuado conjuntamente manobras militares e exercícios anti-terrorismo. Estas operações foram supervisionadas pela Conferência Internacional de Xangai (SCO) e/ou Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO) (com o envolvimento da Comunidade de Estados Independentes (CIS). Estas manobras militares foram efectuadas na mesma altura em que o Irão esteve também envolvido em importantes manobras militares.
– a Rússia e a Bielorrússia efectuaram manobras militares conjuntas em 2006 (17 a 25 de Junho) [53]
– os EUA efectuaram operações e manobras militares nos Balcãs com a Bulgária e a Roménia (Julho-Agosto de 2006) [54]
– as manobras iranianas começaram em 19 de Agosto de 2006. [55]
– os exercícios anti-terrorismo da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO), que incluiram a Rússia, o Casaquistão, o Quirguistão e o Tajiquistão, foram efectuados nos finais de Agosto de 2006. [56]– a China e o Casaquistão efectuaram exercícios conjuntos anti-terrorismo nos finais de Agosto (com início em 23-24 de Agosto de 2006). [57]
– a Rússia, o Uzbequistão e o Casaquistão efectuaram exercícios anti-terrorismo (19-23 de Setembro de 2006). [58]
– a China e o Tajiquistão efectuaram o seu primeiro exercício militar conjunto (22-23 de Setembro de 2006). [59]
– exercícios anti-terrorismo da CIS e da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO) na Arménia (26-28 de Setembro de 2006). [60]
O início de um “Clube Energético da Eurásia” foi o resultado prático para a SCO de uma conferência realizada em 15 de Setembro de 2006 em Dushanbe, Tajiquistão. [61] Este é um objectivo que só pode ser alcançado quando o Irão for um membro de pleno direito da SCO.
A IRNA [Agência Noticiosa da República Islâmica] citou o vice-primeiro-ministro do Uzbequistão, Rustam Azimov, como tendo dito que “os projectos económicos, sobre os quais se tinha chegado a acordo durante a Conferência Internacional de Xangai (SCO), não podem ser implementados sem a cooperação do Irão, enquanto país significativo da região.” [62]
A Mongólia também está apostada em tornar-se membro de pleno direito da SCO. A Mongólia, o Irão, a Índia e o Paquistão são todos eles membros observadores da SCO. A Arménia, membro da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO), e da CIS, e a Sérvia, um aliado histórico da Rússia, são possíveis candidatos à SCO. A Arménia também já deixou claro que não tem intenções de se juntar à União Europeia ou à NATO. [63] A Bielorrússia também tem mostrado interesse em aderir à SCO como estado de pleno direito. [64]
A expansão da SCO e a total inclusão do Irão como membro de pleno direito foi contestada pela Comissão de Helsínquia (a Comissão de Segurança e Cooperação na Europa) num inquérito (em 26 de Setembro de 2006) quanto ao impacto da SCO sobre os objectivos anglo-americanos e a influência dos EUA na Ásia Central.
Afirmou-se que a expansão da SCO seria pouco provável porque a “missão económica da SCO parece estar mal definida” e que a organização não parece disposta a admitir novos membros que podem acabar por competir com a Rússia e a China pelo controlo da Ásia Central. Também foi assinalado durante as audiências da Comissão de Helsínquia que “eles [os membros da SCO] estão interligados por um conjunto partilhado de interesses de segurança e um conjunto partilhado de riscos previstos”.
“Interesses de segurança e riscos previstos” são subentendidos para a crescente ameaça de intrusão anglo-americana nas ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.
As manobras militares efectuadas na ex-União Soviética e na Ásia Central [65] foram dominadas pela Rússia e pela China. Foram efectuadas sob o disfarce de combate ao “terrorismo, ao extremismo e ao separatismo”. O terrorismo, o extremismo e o separatismo são áreas críticas de cooperação para todos os estados membros. [66] Qual é a agenda oculta? Estarão estas manobras militares relacionadas com os preparativos dos EUA para a guerra?
O terrorismo, o extremismo e o separatismo são alimentados pelas operações dos serviços secretos anglo-americanos, que incluem sabotagem e ataques terroristas feitos por Forças Especiais. O incitamento de tensões étnicas, ideológicas e sectárias e as movimentações separatistas têm sido uma marca tradicional da estratégia anglo-americana no Médio Oriente, nos Balcãs, na Índia, no Sudeste Asiático, na ex-União Soviética e em África.
Quanto à manipulação e criação do extremismo, o Afeganistão é testemunho desta estratégia. Foi no Afeganistão que os ISI paquistaneses e os Estados Unidos ajudaram a criar os talibãs para lutar contra a União Soviética. Os Estados Unidos, o Paquistão e a Arábia Saudita também contribuiram para apoiar movimentos extremistas na ex-União Soviética. Esta é uma das razões por que o governo iraniano se manteve silencioso quanto à ajuda ou ao reconhecimento de movimentos separatistas ou ideológicos baseados na religião no Cáucaso e na ex-União Soviética, incluindo a Tchechénia.
Curdistão: Sementes de balcanização e “finlandização”?
Tanto os Estados Unidos como Israel têm estado a treinar secretamente uma série de grupos curdos no norte do Iraque. O Irão e a Síria acusaram Israel de instalar uma presença militar no Curdistão iraquiano. Israel também treinou forças especiais anglo-americanas em missões assassinas e na formação de “equipas de caçadores assassinos” no Iraque. [67]
Magdi Abdelhadi, analista de assuntos árabes e do Médio Oriente, escreveu:
Desde que começou a invasão do Iraque encabeçada pelos EUA há mais de três anos [em 2003], que jornalistas árabes têm vindo a falar de israelenses a operar no interior da região autónoma do Curdistão [no norte do Iraque].
Afirmaram que isso era uma prova de que o derrube de Saddam Hussein tinha sido apenas o primeiro capítulo de uma conspiração americano-israelense mais alargada para eliminar ameaças aos seus interesses estratégicos e para re-desenhar o mapa do Médio Oriente [vis-à-vis um mapa militar].
Pensa-se que a Síria e o Irão, que têm fronteiras comuns com áreas curdas, são os alvos principais. [68]
Há tentativas deliberadas para fabricar ou criar conflitos civis e divisões no interior dos países do Médio Oriente. Os objectivos subjacentes são a balcanização (divisão) e a “finlandização” (pacificação). [69]
O Curdistão é o centro geográfico do Médio Oriente contemporâneo e o nó górdio que mantém ligado todo o mosaico de estados e povos. Do ponto de vista estratégico o Curdistão é também a ponte que liga a Síria e o Mediterrâneo oriental ao Irão. O povo curdo tem sido continuadamente manipulado e enganado pelos Estados Unidos. A manipulação deliberada do povo curdo pelos Estados Unidos e por Israel pode provocar um abalo grave e caótico na estabilidade do Curdistão e da unidade nacional da Síria, da Turquia, do Irão, do Iraque e, por extensão, dos países seus vizinhos.
Além disso, a balcanização do Iraque pode desencadear um efeito de dominó, que pode ter impacto em todo o Médio Oriente e mesmo para além dele. Os Estados Unidos criaram as condições para a divisão social no interior do Iraque. A divisão da sociedade iraquiana enfraquece o movimento de resistência à ocupação militar anglo-americana. A criação de divisões sectárias e étnicas na sociedade iraquiana tem uma influência directa nos planos de guerra dos EUA em relação ao Irão e à Síria. A premissa é que os iraquianos estarão demasiado ocupados a lutarem uns contra os outros para poderem prestar apoio significativo à Síria e ao Irão.
A balcanização do Iraque também é consistente com os objectivos anglo-americanos para o “Corredor da Eurásia” e o “Plano Yinon” para um Médio Oriente mais alargado. [70]
Ambos os objectivos têm em comum e dependem de uma parceria entre os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e Israel. Estes objectivos assentam em mudanças de regime iniciais a partir do interior de um estado alvo através do despoletamento de conflitos étnicos e sectários. Esta estratégia está também a ser utilizada contra a Rússia, a China, e a Ásia Central. O objectivo final é a criação de um novo conjunto de mini-estados tipo-Kuwait ou tipo-Bahrain ou de protectorados anglo-americanos no Médio Oriente e na ex-União Soviética que possam ser facilmente controlados pelos EUA, pela Grã-Bretanha e por Israel.
Numa entrevista ao Der Spiegel, o presidente sírio disse que o Médio Oriente estava num equilíbrio instável à beira do caos e do conflito. Quando o questionaram sobre a partição ou balcanização do Iraque ocupado pelos anglo-americanos, o presidente sírio respondeu:
Seria um desastre, não apenas para o Iraque, mas para toda a região, desde a Síria até ao Golfo [Pérsico] e à Ásia Central. Imaginem quebrar um colar e todas as pérolas a cairem no chão. Quase todos esses países têm linhas divisórias naturais, e se acontecer uma partição étnica e religiosa num país, rapidamente acontecerá noutro lugar. Seria como o fim da União Soviética – só que muito pior. Guerras maiores, guerras menores, ninguém teria hipótese de manter as consequências sob controlo.” [71]
O problema pode vir a complicar-se. Uma guerra com a Síria pode propagar-se e incendiar outros conflitos na Palestina, na Jordânia e no Líbano, e afectar também a Turquia, Chipre e todo o mundo árabe.
Uma guerra com o Irão ou qualquer balcanização afectando o Irão pode contribuir também para desestabilizar o Cáucaso, a Turquia e a Ásia Central que têm todos laços étnicos e culturais com o Irão. Isto inclui a Ossécia do Norte-Alania, a Tchechénia, o Daguetão, a Ingushetia, que fazem parte do Distrito Federal do Sul da Federação Russa. Uma guerra com o Irão pode respingar para as diversidades étnicas do Cáucaso com graves e imprevisíveis ramificações para a Rússia.
O Cáucaso está intimamente interligado com o Irão. Os conflitos entre a Arménia e a República do Azerbeijão sobre a região Nagorno-Karabakh, os conflitos internos na Geórgia sobre a Ossécia do sul e a Abkacia, e a luta na Tchechénia e no Daguestão podem voltar a incendiar-se todos. Estes conflitos não só ameaçarão a segurança nacional da Rússia, como afectarão também a SCO, que integra a China, a Rússia e várias das ex-repúblicas soviéticas assim como a CSTO.
Ligar-todos-os-Pontos: As peças estão a encaixar-se?
Há uma evidente concentração militar de forças convencionais, terrestres, aéreas, navais e nucleares no Médio Oriente e na Ásia Central e seus arredores. Inclui a mobilização de tropas britânicas na fronteira iraniana. [72] E o prolongamento de comissões de serviço militares no Iraque ocupado pelos anglo-americanos e no Afeganistão onde se encontra uma guarnição da NATO. [73] Foi prolongada a comissão de serviço da 1ª Brigada da 1ª Divisão Blindada, uma unidade de 4 000 homens que está a operar na província de Al-Anbar do Iraque, fronteiriça à Síria. Não é o primeiro grupo de soldados americanos ou britânicos a ver prolongadas as suas comissões de serviço no Iraque ou no Afeganistão. A brigada tem cerca de 4 000 soldados no Iraque. [74] Estavam programados para ficar no Iraque por um máximo de 12 meses, mas as comissões foram prolongadas repetidas vezes tal como em outras unidades militares. O exército americano também prolongou por várias vezes a comissão da 172ª Brigada de Ataque com base no Alasca, uma unidade do exército com mais de 3 500 efectivos. [75]
Muitas das ditaduras árabes também apoiarão secretamente a aliança anglo-americana. Manter-se-ão como observadores se a Síria e o Irão forem atacados e o Líbano, a Palestina, o Iraque e o Afeganistão forem ainda mais devastados pelo conflito. Os governos pró-EUA da Arábia Saudita, os emirados árabes, o Egipto e a Jordânia são apoiantes do “mapa militar” dos EUA, apesar de os povos desses países se oporem fortemente à guerra travada pelos EUA. Os líderes palestinos também já abandonaram a esperança de um estado palestino.
Isto ficou demonstrado pelo sua atitude em relação ao Iraque antes e depois da invasão anglo-americana de 2003. Aceitaram tacitamente a opressão do povo palestino, assim como a invasão e bombardeamento do Líbano por Israel (referida no Líbano como a “conspiração árabe contra o Líbano”). Tem havido notícias nos media de que a Arábia Saudita e Israel também têm efectuado conversações secretas relativas ao Irão e ao Médio Oriente mais alargado. [76]
A Roménia e a Bulgária são já importantes centros de operações militares anglo-americanas na Eurásia que se estendem desde os Balcãs ao Médio Oriente e à Ásia Central. Estes dois estados também são importantes parceiros da aliança anglo-americana. Segundo Lawrence Korb num artigo de 2003 no New York Times (NYT):
O Pentágono está a penetrar na Roménia. E na Polónia. E também na Bulgária. O Departamento de Defesa está a pensar fechar muitas, ou mesmo todas, as suas bases na Europa ocidental – que são fundamentalmente na Alemanha – e mudar as suas tropas para novos locais mais económicos no ex-bloco soviético. Já nos dizem [a nós público] que a Primeira Divisão Blindada, actualmente no terreno no Iraque, não regressará às bases da Alemanha de onde saiu em Abril [2003]. E o general James Jones, chefe do Comando Europeu [dos Estados Unidos], disse este mês que podiam vir a ser fechadas todas as 26 instalações do exército e da força aérea na Alemanha, com excepção da base da força aérea em Ramstein. Na prática, isto pode significar a transferência de cinco brigadas do exército, cerca de 25 mil efectivos, para o leste [ou seja, Europa do leste, Bulgária e Roménia].
(The Pentagon’s Eastern Obsession, NYT, July 30, 2003)
Em retrospectiva, a decisão do Pentágono de avançar para leste foi estrategicamente correcta e foi baseada na premissa da mudança para leste das operações militares anglo-americanas. A situação na ex-Jugoslávia e nos Balcãs foi pacificada na segunda metade dos anos 90. Com o início de 2001 chegou a altura de fazer avançar as operações ainda mais para leste.
A NATO também tem estado em ligação com Washington, Londres e Tel Aviv. A NATO tem servido os interesses anglo-americanos e israelenses. A NATO, formal ou informalmente, tem vindo a enviar tropas para ajudar a “fase ocupacional” de todas as operações anglo-americanas depois das “blitzkriegs” ou “fases militares iniciais”. A NATO e os estados membros têm vindo a actuar como forças de ocupação no Afeganistão e no Iraque e também se estão a movimentar para o Líbano. O secretário-geral da NATO prometeu que a missão da NATO no Afeganistão será alargada e intensificada. [77]
O porta-voz da NATO no Afeganistão informou que em Fevereiro de 2007 o general McNeil do exército dos EUA assumirá o comando das forças da NATO no Afeganistão, a chamada Força Internacional de Assistência de Segurança e das tropas americanas do Afeganistão. Isto significa que as tropas americanas e as tropas da NATO, que têm estado sob estruturas de comando separadas, passarão a ficar juntas sob uma única estrutura de comando no Afeganistão. [78] Os media assinalaram o facto de que as tropas americanas ficarão sob o comando da NATO. Mas, na prática, o que se passa é que é um general americano quem dirige agora as forças da NATO.
Em Outubro de 2006, começarão a integrar-se na NATO cerca de 12 000 efectivos, na sua maioria americanos, no Afeganistão. [79] O supremo comando da NATO no Afeganistão é actualmente chefiado pelo tenente-general David Richards da Grã-Bretanha. No caso de um conflito com o Irão, as tropas da NATO no Afeganistão atacarão o Irão. De igual modo, as tropas da NATO posicionadas no Líbano atacarão a Síria.
A conexão paquistanesa
Também há sinais de que a NATO e os Estados Unidos estão à espera da queda do general Musharraf e do governo paquistanês dado o caos que se despoletará no Paquistão a partir de ataques ao Irão e à Síria. [80] Isto poderá explicar o pedido para que a Índia envie tropas para o Afeganistão. [81] Os interesses da NATO e da Índia convergem para assegurar que o Paquistão e o seu arsenal nuclear não caiam nas mãos de radicais ou extremistas que poderão ameaçar os interesses anglo-americanos e a segurança da Índia.
Não há embargo de armamento à Síria para a importação de sistemas de defesa, mas em Limassol, Chipre, foi detido um navio mercante vindo da Ásia e do Egipto que transportava sistemas de defesa destinados à Síria. O navio foi deixado em liberdade mas o destino da carga ainda não foi decidido. [82] O presidente e o governo da Síria também disseram que estavam à espera de ser atacados por Israel no contexto de uma guerra no Médio Oriente mais alargada. [83]
Numa entrevista à NBC com Brian Williams, o presidente iraniano disse que a política externa da Casa Branca e dos EUA no Médio Oriente está a “levar o mundo para a guerra”. Isto é uma afirmação significativa vinda de um líder de um estado do Médio Oriente e tal afirmação deve ser levada muito a sério. O presidente iraniano fez uma declaração semelhante quando em Setembro discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas, apontando para o facto de os Estados Unidos estarem a arrastar o mundo para uma grande guerra.
Os líderes iranianos anunciaram que os esforços diplomáticos britânicos e americanos são uma mera farsa destinada ao público em geral. Sublinharam que “a tentativa de tentarem resolver a crise através da guerra é uma fantasia”. Tanto no caso do Iraque como do Afeganistão, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha decidiram avançar muito antes de informarem o público das suas intenções. No caso do Iraque existe documentação, que já deixou de ser confidencial, que prova que isto é verdade e, no caso do Afeganistão, não havia forma logística possível de preparar uma invasão sem meses de planeamento antes da declaração de guerra, que teve lugar a 12 de Setembro de 2001.
O Irão está plenamente consciente da ameaça dos EUA de o bombardear e invadir. A sua população está plenamente consciente da possibilidade de ataques aéreos anglo-americanos. O Irão avisou os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Em Agosto de 2006, efectuaram-se manobras iranianas em coordenação com as manobras russas, chinesas e da CSTO, em todo o Irão, incluindo as províncias fronteiriças geo-estrategicamente importantes do Irão com o Paquistão, o Afeganistão, o Golfo Pérsico, a Turquia e o Iraque. Foram enviados sinais claros à aliança anglo-americana.
A Venezuela, aliada iraniana, avisou os Estados Unidos por diversas vezes de que não irá assistir impávido à invasão ou ataque ao Irão e à Síria. O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, referiu-se aos preparativos militares americanos para a invasão do Irão no seu discurso na 61ª Assembleia Geral das Nações Unidas: “E agora [os Estados Unidos] ameaçam a Venezuela – novas ameaças contra a Venezuela, [também] contra o Irão?” [84]
O presidente venezuelano também afirmou: “Entretanto, a actual administração dos EUA também anda a sonhar [a planear incorrectamente] com a invasão do Irão e da Venezuela para assumir o controlo dos recursos petrolíferos destes dois países da mesma forma [do Iraque]”. [85] Quais são os planos da Venezuela para ajudar o Irão e a Síria numa guerra contra os Estados Unidos, isso é um tópico para debate, mas é muito provável que, em caso de guerra, sejam cortadas as relações diplomáticas venezuelanas com o governo americano e os fornecimentos de petróleo para os Estados Unidos.
Elo entre o Golfo Pérsico e o Mediterrâneo oriental?
Há um processo de militarização em curso no Levante e no Mediterrâneo oriental, essencialmente liderado pelas forças da NATO, sob o pretexto de manutenção da paz das NU.
Se vier a acontecer a guerra liderada pelos EUA, o Terminal de Petróleo Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC), assim como o percurso do pipeline que o leva até Ceyhan, serão alvos militares óbvios das forças sírio-iranianas. Entretanto, a Marinha iraniana tentará boquear o Estreito de Ormuz. Isso pode levar à paralização do fluxo dos fornecimentos mundiais de petróleo como o Irão prometeu repetidas vezes. A Venezuela também pode parar o fluxo do seu petróleo como o seu governo já avisou por diversas vezes.
A base aérea Ýncirlik é uma importante base da NATO na Turquia, perto da fronteira e da linha da costa síria. De notar que também foram posicionadas armas nucleares americanas na base aérea Ýncirlik da Turquia. Esta última foi um dos principais eixos centrais para os Estados Unidos e para a NATO durante a campanha militar no Afeganistão em 2001. Esta base turca ainda é de importância vital para os Estados Unidos, Grã-Bretanha e NATO. Estão ali estacionados milhares de efectivos aeronáuticos americanos e britânicos. Está também adjacente ao Terminal de Petróleo Baku-Tbilisi-Cehyan (BTC).
O Terminal de Petróleo Baku-Tbilisi-Cehyan (BTC) tornar-se-á ainda mais significativo e importante se o Irão conseguir fechar o Estreito de Ormuz. Esta é uma das razões por que a base aérea Ýncirlik é tão importante estrategicamente. A base aérea Ýncirlik será usada para proteger o porto de Ceyhan, o ponto de partida do Terminal de Petróleo Baku-Tbilisi-Cehyan (BTC) se a Síria ou o Irão tentarem interromper o fluxo de energia para o Mediterrâneo oriental. Há duas armadas navais distintas: no Golfo Pérsico-Mar Arábico e no Mediterrâneo oriental ao largo das costas da Síria e do Líbano.
Estas armadas estão a concentrar-se simultaneamente. A concentração no Mediterrâneo oriental caracteriza-se essencialmente pelas forças navais e terrestres de Israel e da NATO. No Golfo Pérsico, a armada naval é substancialmente americana com a participação da Grã-Bretanha, Austrália e Canadá. Nesta extensa faixa de terra entre o Mediterrâneo oriental e o Golfo Pérsico, estão a ocorrer diversas movimentações militares no terreno, incluindo no norte do Iraque e na Geórgia.
O teatro de guerra mais alargado estender-se-á muito para além dela, para norte até à bacia do Mar Cáspio e para leste até ao Paquistão e à fronteira ocidental da China. Estamos a lidar com um tabuleiro de xadrez para mais uma guerra no Médio Oriente, que pode possivelmente englobar uma região muito mais vasta.
O original encontra-se em: globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=NAZ20061001&articleId=3361
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em: http://resistir.info/ .
NOTAS
1 Trevor Nevitt Dupuy, The Air War in the West: June 1941-April 1945 (Vol.7 The Military History of World War II), Air Power and the Normandy Invasion, (New York City: Franklin Watts Inc., 1963), pp 36-40.
2 Copy of the Downing Street Memo (DSM) published by The Times (Bretanha) in May 2005: http://www.timesonline.co.uk/article/0,,2087-1593607,00.html
3 Philip Sherwell , “US prepares for military blitz against Iran’s nuclear sites,” The Telegraph (Bretanha), February 12, 2006.
4 Gidget Fuentes, “ESG 5 charts a new course: Command element to leave flagship for a more flexible role,” Navy Times, September 12, 2006:
http://www.navytimes.com/story.php?f=1-292925-2100299.php
5 Robert Shaw, “Island New Democrats back party on Afghanistan pullout: Canada following U.S. too closely, says Afghan politician,” Times Colonist, September 10, 2006; Melissa Atkinson, “HMCS Ottawa leaves for Gulf,” Lookout, September 11, 2006:
http://www.lookoutnewspaper.com/archive/20060911/index.shtml
6 CCNMattews,”National Defence: HMCS Ottawa to Depart for Arabian Gulf Region,” September 1, 2006; Note: Arabian Gulf is an alternative term used in reference to Persian Gulf, but is originally the name of the Red Sea.
7 Mike Barber, “Midgett Crew ready to ship out: Cutter to leave for Persian Gulf today,” Settle Post-Intelligencer, September 16, 2006:
http://seattlepi.nwsource.com/local/285388_midgett16.html
8 Ibid.
9 Roee Nahmias, “MK Bishara warns Syria of Israeli attack,” Yedioth Ahronoth, September 9, 2006:
http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-3301614,00.html
10 Sarah Baxter and Uzi Mahnaimi, “NATO may help US strikes on Iran,” Sunday Times (Bretanha), March 5, 2006
http://www.timesonline.co.uk/article/0,,2089-2070420,00.html
11 Martin Walker, “German media: U.S. prepares Iran strike,” United Press International (UPI), December 31, 2005.
12 Cable News Network (CNN), “What war with Iran would look like” (summary of Time magazine article), September 17, 2006:
http://www.cnn.com/2006/WORLD/meast/09/17/coverstory.tm.iran.tm/
13 David Lindorff, “War Signals? What is the White House Planning in Relations to Iran?” The Nation, September 28, 2006.
14 Hu Xuequan, “Pentagon denies report on planning war against Iran,” Xinhua News Agency, September 20, 2006:
http://news.xinhuanet.com/english/2006-09/20/content_5117326.htm
15 British Broadcasting Corporation (BBC), “Iran launches its first submarine,” August 29, 2000:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/901492.stm
16 Fars News Agency, “Iran-Made PT Boat Launches Mission,” September 20, 2006:
http://www.farsnews.com/English/newstext.php?nn=8506290496
17 Mahdi Darius Nazemroaya, “Iranian War Games: Exercises, Tests, and Drills or Preparation and Mobilization for War?” Global Research, August 21, 2006.
18 Ali Akbar Dareini, “Iran Tests Submarine-to-Surface Missile,” Associated Press, August 27, 2006.
19 Robert Tait, “Iran fires nuclear missile into nuclear debate,” The Guardian (Bretanha), April 6, 2006:
http://environment.guardian.co.uk/energy/story/0,,1847796,00.html
20 Mehr News Agency, “IRGC test-fires super-modern flying boat,” April 4, 2006:
http://www.mehrnews.com/en/NewsDetail.aspx?NewsID=307756
21 People’s Daily, “Spanish soldiers land in south Lebanon for expanded UN peacekeeping mission,” September 16, 2006:
http://english.people.com.cn/200609/16/eng20060916_303439.html
22 Expatica, “Germany to send up to 2,400 troops to Lebanon,” September 13, 2006:
http://www.expatica.com/actual/article.asp?subchannel_id=52&story_id=33037
23 Claudia Rach, “German Parliament Approves UN Naval Force for Lebanon (Update2),” Bloomberg, September 20, 2006:
http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601100&sid=apOI7Q4ELYPc&refer=germany
24 People’s Daily, “Danish naval ships ready to sail as part of Lebanon force,” September 22, 2006:
http://english.people.com.cn/200609/22/eng20060922_305180.html
25 Andrew Gray, “NATO says more needed for Afghan force,” Reuters, September 22, 2006:
www.int.iol.co.za/index.php?set_id=1&click_id=126&art_id=iol1158905447420A125
26 James Keaten, “French tanks bolster UN force in Lebanon: Powerful armor said to be ‘deterrent,'” Associated Press, September 13, 2006.
27 Kathimerini, “Greece begins its peacekeeping drive in Lebanon: Frigate has orders to fire if need be,” September 9, 2006:
http://www.ekathimerini.com/4dcgi/_w_articles_politics_100004_09/09/2006_74016
28 People’s Daily, “Netherlands to send ship to UN naval mission in Lebanon,” September 23, 2006:
http://english.people.com.cn/200609/23/eng20060923_305660.html
29 Islamic Republic News Agency, “Belgian defense minister visiting Lebanon,” September 24, 2006:
http://www.irna.ir/en/news/view/menu-235/0609245521151745.htm
30 People’s Daily, “Turkey to send troops to UNIFIL next month,” September 19, 2006:
http://english.people.com.cn/200609/19/eng20060919_303927.html
31 Dünya (Turquia), “Cetin: Neither NATO nor another force can send Turkish troops to the area of clashes,” September 11, 2006:
http://www.dunyagazetesi.com.tr/news_display.asp?upsale_id=277990
32 Sofia Echo, “UN accepts Bulgaria’s Lebanon Peacekeeping participation on One Condition,” September 4, 2006; Focus News Agency, “Details on Bulgaria’s participation in UN Lebanon Peacekeeping Mission to Become Known in Ten Days,” August 28, 2006:
http://www.focus-fen.net/index.php?id=n94842
33 Ian Bruce, “Scottish officers set to support Lebanon peace force,” The Herald (Bretanha), September 26, 2006:
http://www.theherald.co.uk/news/70756.html
34 The Daily Star (Líbano), “UAE, Lebanese Army ink pact to de-mine South,” September 26, 2006:
www.dailystar.com.lb/article.asp?edition_id=1&categ_id=2&article_id=75711
35 Reuters, “ArmorGroup wins Lebanon bomb clearing contract,” September 25, 2006.
36 ArmorGroup homepage:
http://www.armorgroup.com/
37 Anthony Shadid, “Lebanon Peacekeepers Met With Skepticism: True Role of U.N. Force is Subject to Debate Among Wary Residents,” The Washington Post, September 20, 2006:
www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/09/19/AR2006091901736.html
38 Interfax, “Equipment for Russian battalion to be sent to Lebanon late Sept – Ivanov,” September 20, 2006:
http://www.interfax.ru/e/B/0/28.html?id_issue=11591105
39 Russian News and Information Agency (RIA Novosti), “Russian combat engineers to start work in Lebanon in October,” September 20, 2006:
http://en.rian.ru/russia/20060920/54083651.html
40 Mahdi Darius Nazemroaya, Russian Base in Syria, a Symmetrical Strategic Move, Global Research, July 28, 2006:
www.globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=20060728&articleId=2839
41 Chris Buckley , “China plans to send peacekeepers to Lebanon,” Reuters, September 11, 2006; People’s Daily, “China consults with UN on increasing peacekeepers in Lebanon,” September 20, 2006:
http://english.people.com.cn/200609/20/eng20060920_304300.html
42 Greg Peel, “Alignment to War: Asian Commodity Demand Versus the US Printing Press,” FN Arena News, September 19, 2006:
w.fnarena.com/index2.cfm?type=dsp_newsitem&n=C4714E27-17A4-1130-F5F7D05C6E469553
43 NATO, NATO elevates Mediterranean Dialogue to a genuine partnership, launches Istanbul Cooperation Initiative, July 29, 2004:
http://www.nato.int/docu/update/2004/06-june/e0629d.htm
44 Operation Active Endeavor, Global Security.org:
http://www.globalsecurity.org/military/ops/active-endeavour.htm
45 Ibid.
46 DEBKA, “Lebanese Security” Is the Pretext for the Naval Babel around Lebanon’s Shores,” September 4, 2006:
http://www.debka.com/article.php?aid=1208
47 The Georgian Times, “Russian Military Hardware and Ammunition Left Georgia,” September 19, 2006:
http://www.geotimes.ge/index.php?m=home&newsid=1743
48 Stefan Nicola, “Analysis: Georgia-Russia conflict heats up,” United Press International (UPI), September 22, 2006:
www.upi.com/InternationalIntelligence/view.php?StoryID=20060921-125716-2166r
49 Ibid.
50 Interfax, “Russia slams move to speed Georgia’s NATO entry,” September 22, 2006:
http://www.interfax.ru/e/B/0/28.html?id_issue=11592648
51 Information Telegraph Agency of Russia (ITAR-TASS News Agency), “Russia concerned about NATO reconfiguration in Europe—Lavov,” September 20, 2006:
http://www.tass.ru/eng/level2.html?NewsID=10807863&PageNum=0
52 Paul Ames, “NATO set for uneasy meeting with Russia,” Associated Press, September 29, 2006.
53 People’s Daily, “Russia, Belarus hold joint military exercise,” June 17, 2006:
http://english.people.com.cn/200606/17/eng20060617_275009.html
54 People’s Daily, “Romanian, US pilots hold exercise at Black Sea coastal base,” August 12, 2006: http://english.people.com.cn/200608/12/eng20060812_292455.html;
Army Public Affairs (U.S. Army News Service), “U.S., Romania, Bulgaria team up for Immediate Response 06,” August 3, 2006:
http://www4.army.mil/ocpa/read.php?story_id_key=9380
55 Mahdi Darius Nazemroaya, “Iranian War Games: Exercises, Tests, and Drills or Preparation and Mobilization for War?” Global Research, August 21, 2006.
56 Michel Chossudovsky, “Russia and Central Asian allies Conduct War Games in Response to US Threats,” Global Research, August 24.
57 Ibid.
58 Information Telegraph Agency of Russia (ITAR-TASS News Agency), “Russia, Kazakhstan special forces hold antiterrorist exercises,” September 19, 2006:
http://www.tass.ru/eng/level2.html?NewsID=10805692&PageNum=0
59 Xinhua News Agency, “China, Tajikistan to hold military exercises,” September 19, 2006:
http://news.xinhuanet.com/english/2006-09/19/content_5111376.htm
60 Information Telegraph Agency of Russia (ITAR-TASS News Agency), “CIS security services to hold anti-terror exercises in Armenia,” September 25, 2006:
http://www.tass.ru/eng/level2.html?NewsID=10824585&PageNum=0
61 Russian News and Information Agency (RIA Novosti), “Energy outcome of SCO meeting in Dushanbe,” September 20, 2006:
http://en.rian.ru/analysis/20060920/54104304.html
62 Islamic Republic News Agency, “Uzbek official: SCO projects cannot be implemented without Iran,”September 15, 2006:
http://www.irna.ir/en/news/view/menu-237/0609161789184030.htm
63 People’s Daily, “Armenia not to join NATO, EU: president,” April 24, 2006:
http://english.people.com.cn/200604/24/eng20060424_260758.html
64 Kommersant, “The Shanghai Cooperation Organization acquires military character: Iran eager to join SCO,” April 27, 2006:
http://www.kommersant.com/page.asp?idr=527&id=670100
65 Heather Maher, “Central Asia: U.S. Helsinki Commission Concerned About SCO’s influence,” Radio Free Europe/Radio Liberty, September 27, 2006:
www.rferl.org/featuresarticle/2006/09/99fd928c-9967-431e-8062-751b6e2a1ece.html
66 Kommersant, “Iran eager to join SCO,” op. cit.
67 Julian Borger, “Israel trains US assassination squads in Iraq,” The Guardian (Bretanha), December 9, 2003:
http://www.guardian.co.uk/Iraq/Story/0,2763,1102940,00.html
68 Magdi Abdelhadi, “Israelis ‘train Kurdish forces,'” British Broadcasting Corporation (BBC), September 20, 2006:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/5364982.stm
69 Mahdi Darius Nazemroaya, Beating the Drums of War. US Troop Build-up: Army and Marines authorize “Involuntary Conscription,” Global Research, August 23, 2006.
70 O “Plano Yinon” é um conjunto de objectivos estrategicamente criados para Israel que advoga a fractura de todos os inimigos ou rivais potenciais. É uma parceria sincronizada com a aliança anglo-americana. Visa produzir mini-estados pequenos e passivos no Médio Oriente alargado. O “Plano Yinon” realça que Israel deve ser o centro do poder imperialista no Médio Oriente com hegemonia regional. Envolve um dogma expansionista e o controlo de recursos naturais tais como o petróleo, a água e o gás.
71 Der Spiegel, “America Must Listen,” September 24, 2006:
http://www.spiegel.de/international/spiegel/0,1518,438804,00.html
72 Mahdi Darius Nazemroaya, “British Troops Mobilizing on the Iranian Border,” Global Research, August 30, 2006
73 Nazemroaya, “Beating the Drums of War,” op cit.
74 Cable News Network (CNN), “Homecoming delayed for 4,000 U.S. troops in Iraq,” September 25, 2006:
http://www.cnn.com/2006/WORLD/meast/09/25/iraq.troops.ap/
75 Nazemroaya, “Beating the Drums of War,” op cit.
76 Joshua Brilliant, “Analysis: Israeli, Saudi officials met,” United Press International (UPI), September 25, 2006:
www.upi.com/InternationalIntelligence/view.php?StoryID=20060925-035251-7556r
77 Helene Cooper, “NATO Chief Says More Troops Are Needed in Afghanistan,” The New York Times, September 22, 2006:
http://www.nytimes.com/2006/09/22/world/asia/22nato.html
78 International Herald Tribune (ITH), “Washington to send 4-star general to assume Afghanistan command,” September 26, 2006:
www.iht.com/articles/ap/2006/09/26/asia/AS_GEN_Afghan_New_US_Commander.php
79 Reuters, “NATO ready for early takeover of Afghan peacekeeping, ” September 28, 2006: http://www.alertnet.org/thenews/newsdesk/JOH838685.htm;
Nota: O título da Reuters é extremamente enganador. A NATO não está pronta para fazer nada de novo e as operações no Afeganistão não são de manutenção de paz, são de uma guerra contra a rebelião que é incorrectamente chamada de “talibãs” nos media ocidentais. No Afeganistão, as tropas no terreno da NATO designam os rebeldes afegãos por Milícias Anti-Coligação (ACM’s). Este título reflecte o facto de a NATO estar a combater um movimento de rebelião multi-étnico no Afeganistão que considera a aliança anglo-americana como forças de ocupação.
80 Khalid Hasan, “US now viewing Pakistan without Musharraf,” Daily Times, April 21, 2006; Matthew Pennington, “Pakistani President Denies Coup Rumours,” Forbes, September 25, 2006:
http://www.forbes.com/business/commerce/feeds/ap/2006/09/25/ap3043177.html
81 India Defence, NATO wants Indian troops to operate in Afghanistan, September 23, 2006:
http://www.india-defence.com/reports/2532
82 British Broadcasting Corporation (BBC), “Cyprus holds ‘Syria arms cargo,'” September 12, 2006:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/5338518.stm
83 United Press International (UPI), “Assad says Israel likely to attack Syria,” September 21, 2006:
http://www.upi.com/NewsTrack/view.php?StoryID=20060921-020803-1201r
84 Hugo Chavez, Rise Up Against the Empire (Speech at the UN General Assembly, New York September 21, 2006).
85 Fars News Agency, Chavez: “US Invasion of Iran Spikes Oil Prices to $200,” September 24, 2006:
http://www.farsnews.com/English/newstext.php?nn=8506310324