LIBYA : Rebeldes caçam familiares e apoiantes de Kadafi
Os combates entre rebeldes e tropas leais a Kadafi continuam em Tripoli. As forças revolucionárias ofereceram uma recompensa milionária pela captura do ditador e procuram familiares e apoiantes do líder líbio. Cerca de 10 mil pessoas deixaram o país, em três dias.
foto ZOHRA BENSEMRA/Reuters
Os rebeldes anunciaram uma recompensa de cerca de 1,7 milhões de dólares (1,17 milhões de euros) pela captura de Muammar Kadafi, morto ou vivo, mas os familiares do ditador também estão na mira.
Quarta-feira à noite, um grupo de rebeldes irrompeu pelo hotel Corinthia, no centro de Trípoli, numa busca, quarto-a-quarto, por familiares e seguidores de Kadafi.
Segundo a reportagem da Reuters, procuravam Saadi, um dos filhos de Kadafi, que se dizia estar naquele hotel. Seguiram-se tiros e testemunhas dizem ter visto uma coluna de fumo no local.
A partir do Egipto, um primo de Kadafi apelou aos líbios para que respeitem o que dizem os rebeldes, para evitar um banho de sangue. “Militares, civis e sheiks devem ouvir Abdel Jalil e sentar-se par evitar mais derramamento de sangue”, disse Gaddaf al-Dam, em entrevista à televisão árabe al-Arabya.
Abdel Jalil, chefe do Conselho de Rebelião, exortou os combatentes a respeitar a lei e a não prosseguirem vinganças contra os membros do Governo de Kadafi. Palavras sublinhadas pelo primo do ditador.
“Chega desta destruição. A vitória nesta batalha não salva ninguém”, disse Gaddaf al-Dam, filho de pai líbio e mãe egípcia, que partilha grandes semelhanças físicas com o primo, Muammar Kadafi, provavelmente o homem mais procurado da Líbia.
Apesar dos apelos, há notícias de pilhagens. A embaixada da Venezuela, país que ofereceu asilo a Kadafi, foi uma das vítimas.
“Confirmam que a nossa embaixada em Tripoli foi assaltada e totalmente pilhada. São hordas pois não têm nada que ver com o direito internacional. Há que exigir desde aqui respeito pela vida, a integridade física do nosso embaixador e todo o pessoal que aí trabalha”, disse Hugo Chavez.
No terreno, há registo de batalhas e trocas de tiros em vários pontos da capital e do país. Os rebeldes tomaram o controlo de um quartel militar em Zuwara e de uma prisão em Tripoli, cenário do assassínio de mais de 1200 pessoas pelo regime de Muammar Kadafi, noticiou a televisão Al Arabiya.
Apesar da tomada do quartel Mazraq al Shams, os combates continuam e o comandante rebelde Sanusi Al Mohamed pediu reforços e munições à NATO e ao Conselho Nacional de Transição (CNT), adiantou a agência Efe.
Yuma al-Qotami, membro do CNT, assegurou à televisão Al Arabiya que a prisão de alta segurança Abu Salim, palco da morte de mais de 1200 pessoas em 1996, passou para as mãos dos rebeldes.
Entretanto, ais de dez mil líbios atravessaram a fronteira com a Tunísia, no posto de Dehiba, desde que se iniciou, no sábado, a operação dos rebeldes de controlo de Tripoli, informou hoje um responsável da ONU.
Entre sábado e quarta-feira à noite, 4.750 líbios passaram a fronteira em direcção ao seu país e 6.030 para a Tunísia, declarou um responsável do Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados, não identificado pela AFP.
Segundo a agência noticiosa francesa, dezenas de veículos esperavam hoje pacientemente nos dois lados da fronteira. A maior parte das pessoas questionadas pela AFP que entravam na Tunísia era proveniente de Tripoli, onde os combates entre forças rebeldes e pró-Kadafi prosseguem.