Indústria do Terror: EUA e OTAN Financiam Boko Haram e Estado Islamita
Exatamente naquela época a jihad como prática de terror foi ensinada por livros didáticos produzidos em solo norte-americano, exportados a madrassas (escolas de fundamentalismo religioso) no Afeganistão e no vizinho Paquistão. Neste vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=d4lf0RT72iw), Zbigniew Brzezinski, então conselheiro de Segurança nacional do presidente estadunidense Jimmy Carter, pousa de helicóptero entre combatentes afegãos com aspecto um tanto messiânico, incentivando-os a praticar a jihad sob entusiásticos aplausos dos novos extremistas religiosos.
Além de altamente rico em reservas minerais e em gás natural (http://www.globalresearch.ca/the-war-is-worth-waging-afghanistan-s-vast-reserves-of-minerals-and-natural-gas/19769) o Afeganistão é rico em ópio, do qual se produz a heroína: o narcotráfico traçado a partir de solo afegão pela CIA tem financiado o imperialismo norte-americano a nível global, que fornece dólares e até armas a setores opositores a governos que não se submetem aos ditames de Washington. Tal fato é comprovado historicamente também na América Latina, região mais rica em biodiversidade do planeta, através de golpes militares, e hoje especificamente em países como Brasil, Venezuela (maior reserva petrolífera do mundo), Bolívia e Equador.
Sobre o narcotráfico a partir de solo afegão, vale notar (conforme aponta gráfico abaixo), que durante o primeiro período que correspondeu à ocupação dos Estados Unidos no país centro-asiático, a produção de ópio atingiu números alarmantes. Porém, a produção de ópio chegou a quase zero em 2001, menos de cinco anos após o Taliban ter assumido o poder que marcou certo distanciamento dos Estados Unidos no Afeganistão, dada a oposição do regime afegão ao imperialismo estadunidense na região, o que não significa que, na prática, a cúpula taliban seguisse sendo apoiada e financiada secretamente pela Casa Branca.
Quando, enfim, a criatura que se havia voltado contra o criador fora derrubada do poder para dar lugar aos senhores da guerra da Aliança do Norte, apoiada por Washington, eis que a produção de ópio voltou a subir vertiginosamente, registrando índices ainda maiores que os dos anos de 1980 e 1990. Fato este que persiste até hoje, cujo combate não está na ordem imperialista do dia.
O Afeganistão se configura em região estratégica para o regime norte-americano também por estar no coração da Ásia. Antes da invasão de George Bush em outubro de 2001, havia projetos (http://worldpress.org/specials/pp/pipelines.htm) da indústria petrolífera norte-americana para que oleodutos e gasodutos, que ligassem países vizinhos à Rússia ao Oriente Médio, passassem pelo subsolo afegão, negados pelo Taliban então no poder.
Quando governador do Texas, George Bush e aquele que viria a ser seu vice-presidente um ano mais tarde, Dick Cheney, receberam uma delegação do Taliban a fim de discutir a passagem de dutos pelo Afeganistão a serem construídos e explorados pela empresa norte-americana Unocal, sem chegar a um acordo. Daquele encontro, o empresário Cheney conseguiu, para sua empresa petrolífera Hulliburton, contrato para exploração de petróleo em solo afegão, e a BBC de Londres foi o único veículo de comunicação em todo o mundo a divulgar o encontro.
Em maio de 2001, poucas semanas após visita de líder taliban à Casa Branca a fim de melhorar a imagem dos donos do poder afegão perante o Departamento de Defesa dos EUA, a CNN noticia que o governo de seu país continua financiando os mujahidin: o secretário de Estado de Bush anunciou, então, milionária “ajuda humanitária” ao governo taliban que, há 5 anos, aterrorizava a sociedade afegã com extremismo religioso. O jornalista Robert Sheer escreveu dura matéria sobre o caso no diário Los Angeles Times, mas o caso perdeu-se no vazio.
Uma vez derrubado do poder afegão pelos ex-aliados norte-americanos, o presidente-fantoche de Tio Sam, Hamid Karzai que viria a ser chamado pelos afegãos em todo o país de “prefeito de Cabul” pela falta de comando nacional, autorizou a construção dos tais dutos anos antes projetados pelos tomadores de decisão de Washington. Entre os maiores beneficiários de tais tratados estavam exatamente Cheney, e o próprio Karzai, ex-funcionário de outra indústria petrolífera norte-americana, a Unocal.
Outro fator relevante é que, conforme aponta o professor Michel Chossudovski (http://www.globalresearch.ca/the-war-is-worth-waging-afghanistan-s-vast-reserves-of-minerals-and-natural-gas/19769), o Afeganistão faz fronteira com China e Irã. Portanto, a instalação de bases militares ali é fundamental para a perpetuação da hegemonia norte-americana especialmente contra a temida China.
As declarações do ex-funcionário da ONU, evidenciando uma vez mais o mundo ao inverso promovido pelas grandes potências e apresentado passivamente pela mídia de desinformação em massa, vêm de encontro às evidências envolvendo cada um desses países, inclusive a Síria onde o Estado Islamita, sim, tem atacado com bombas químicas fornecidas pelos Estados Unidos e seus aliados na região, especialmente Turquia e Arábia Saudita.
Diante disso tudo, não surpreende que o senador John Mc Cain, exatamente o político norte-americano mais financiado pela indústria armamentista, tenha posado fraternalmente para fotos com terroristas em solo sírio.
Contudo, as denúncias de Coloane, como era de se esperar, estão passando “desapercebidas” pela grande mídia corporativa sustentada exatamente pelas transnacionais, estendendo o debate de surdos sobre causas e “possibilidades” de se vencer o terror global, que tem levado nada a lugar nenhum enquanto o mundo assiste ao crescimento do terrorismo, da retirada de liberdades civis e da aplicação de golpes de Estado por parte dos tomadores de decisão das grandes potências, recheadas da mais profunda hipocrisia – com a velha pitada de petróleo.
O terror global apenas deixará de ser crescente realidade para ser realmente erradicado, e sem grandes esforços, quando o regime unilateral de Washington se tornar uma democracia livre da ditadura bipartidista e do tão legalizado quanto maléfico lobby da indústria armamentista, petrolífera e dos sionistas, seus maiores financiadores, o que é altamente improvável que ocorra no seio da melhor democracia que o dinheiro pode comprar, alimentada por um poderoso setor midiático de propaganda, igualmente canalha.
Ou, mais provavelmente, o terrorismo será vencido quando nações hoje emergentes atinjam nível econômico e político suficientes para equilibrar a correlação de forças em um novo mundo, efetivamente multipolar, desta maneira diminuindo a sanha imperialista ilimitada.
Edu Montesanti