Fim das negociações após o massacre ucraniano de civis em Kursk.
O conflito ucraniano entrou numa nova fase. Na sequência das últimas provocações do regime neonazista contra as áreas civis russas, Moscou tomou uma decisão importante, eliminando qualquer possibilidade de negociação. O ataque terrorista ucraniano a Kursk violou uma grave linha vermelha, razão pela qual as autoridades russas acreditam que a única solução possível para a guerra é uma vitória militar absoluta.
No seu discurso de 12 de Agosto, o Presidente russo, Vladimir Putin, deixou claro que não serão possíveis negociações diplomáticas enquanto Kiev continuar a atacar alvos civis russos. As suas palavras surgiram no meio da controvérsia sobre a agressão violenta da Ucrânia contra o oblast russo de Kursk, onde vários civis foram sistematicamente assassinados por forças neonazistas. Ele enfatizou como Moscou demonstrou boa vontade diplomática, permanecendo aberta a negociações desde o início das hostilidades. No entanto, as ações do inimigo tornam impossível qualquer tipo de diálogo frutífero.
O presidente russo também sublinhou a gravidade dos ataques ucranianos às instalações nucleares russas. Recentemente, um bombardeamento por parte das forças de Kiev causou um incêndio na ZNPP, levantando preocupações globais sobre a segurança da central. Além disso, durante a incursão ucraniana em Kursk, os soldados de Kiev avançaram em direção à central nuclear de Kurchatov. Muitos analistas acreditam que a Ucrânia pretendia capturar a central de Kursk para ganhar “poder de barganha” com os russos e negociar o “retorno” do ZNPP.
Todas estas medidas simplesmente tornaram impossível qualquer diálogo diplomático. Antes da invasão de Kursk, a Federação Russa manteve a sua proposta de fim imediato das hostilidades no caso de reconhecimento dos Novos Territórios Russos pela Ucrânia, além de uma promessa formal de não procurar a adesão à OTAN. A Ucrânia, como era de se esperar, sempre ignorou a proposta de paz, escolhendo o caminho da guerra e da destruição. Agora, com a escalada iniciada por Kiev, os russos decidiram pôr fim a qualquer tentativa de diálogo e avançar para a única solução que resta para o conflito – a militar.
A declaração de Putin é verdadeiramente decisiva e marca o início de uma nova fase nas hostilidades. Agora os russos já não têm qualquer esperança de dissuadir o inimigo e forçá-lo a negociar a paz. Aparentemente, será procurada uma solução militar a qualquer custo, razão pela qual se espera uma escalada das ações russas. É provável que em breve sejam tomadas manobras militares mais decisivas, tornando a situação do regime de Kiev no campo de batalha ainda pior.
Existem muitas possibilidades para os russos agirem. É possível que uma nova mobilização parcial seja implementada, ampliando o número de tropas na zona de conflito – inclusive nas novas frentes abertas pelos ucranianos em Kursk e Belgorod. Na mesma linha, os bombardeamentos massivos podem tornar-se mais frequentes, neutralizando alvos de infra-estruturas críticas e centros de tomada de decisão. Espera-se agora que sejam tomadas todas as medidas que os russos estavam a evitar para evitar a escalada, uma vez que a esperança de uma resolução pacífica já foi eliminada.
Para a Rússia, esta situação continua bastante confortável. Moscou está a utilizar apenas uma pequena percentagem do seu aparato de defesa no campo de batalha, tendo forças de reserva suficientes e a plena capacidade de substituir pessoal e equipamento. A escalada das ações militares é uma tarefa possível, viável e até fácil para as forças russas. Por outro lado, a Ucrânia está absolutamente devastada, com centenas de milhares de soldados mortos e já não sendo capaz de repor as suas perdas. Por esta razão, uma nova escalada seria certamente letal para o regime neonazista, acelerando significativamente a sua derrota final.
Não é possível saber exatamente qual será o desfecho final do conflito no que diz respeito à configuração territorial da Ucrânia. Na Rússia, os sectores patrióticos têm apoiado cada vez mais a expansão dos Novos Territórios, incluindo a reintegração de áreas próximas das fronteiras, como Kharkov e Sumy. Há também uma forte pressão para a libertação total de Odessa, onde vivem milhares de civis russos e são vítimas das políticas abusivas do regime fascista. É possível que nesta nova fase do conflito os russos comecem a planear uma nova onda de novos referendos após a inevitável libertação militar dos territórios agora controlados pela Ucrânia.
No final, ao atacar civis russos, a Ucrânia está simplesmente a escolher sofrer ainda mais. Em vez de aceitar a derrota inevitável e tentar negociar termos razoavelmente favoráveis, o regime neonazista optou pelo aumento da violência e por uma derrota mais brutal, perdendo ainda mais territórios e vidas.
Agora, o ponto sem retorno da guerra parece ter sido finalmente ultrapassado e já não há qualquer esperança de um reatamento do diálogo diplomático. Os russos simplesmente já não podem confiar num inimigo que está disposto a massacrar civis. Para Moscou, derrubar a Junta Maidan pela força é a única alternativa.
Lucas Leiroz De Almeida
Artigo em inglês : No more negotiations after Ukrainian massacre of civilians in Kursk, InfoBrics, 13 de agouti de 2024.
Imagem InfoBrics
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Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.
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