Climagate: O pior escândalo científico da nossa era
Por todo o mundo o escândalo do Climategate repercute de modo cada vez mais intenso — excepto em Portugal. Aqui é como se nada houvesse acontecido pois está a ser encoberto e silenciado. Jornais que se fartaram de promover a falcatrua do aquecimento global – como o Público – fingem agora nada ter a ver com o assunto. Pior, desonestamente continuam a desinformar e a promover o terrorismo climático. Eles que se auto-apregoam como jornais “de referência” (do que?) nem sequer se atêm ao princípio jornalístico básico de apresentar as várias versões de um acontecimento.
Por sua vez, o governo do sr. Sócrates, que andou a gastar rios de dinheiro com a intrujice do aquecimento global, também faz de conta que o escândalo nada tem a ver consigo. Continua (de forma ignorante) a confundir clima com ambiente e a deformar a política energética do país pondo-a ao reboque da impostura do aquecimento global.
E finalmente a União Europeia que se fartou de promover o célebre Protocolo de Quioto – e igualmente a deformar a política energética da UE atrelando-a ao aquecimento global e aos supostos malefícios provocados pelas diabolizadas emissões de CO2 – anda igualmente calada como um rato.
Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo.
Não se pode permitir que o nosso irremediavelmente comprometido establishment científico escape impune com uma tentativa de camuflagem quanto às estatísticas do aquecimento global.
Uma semana depois de o meu colega James Delingpole, no seu blog Telegraph, cunhar a expressão “Climategate” para descrever o escândalo revelado pela fuga de emails da Climatic Research Unit da Universidade de East Anglia, o Google mostrava que a palavra agora aparece mais de nove milhões de vezes na Internet. Mas em toda esta vasta área de cobertura electrónica, um ponto enormemente relevante acerca destes milhares de documentos tem sido em grande medida omitido.
A razão porque mesmo George Monbiot, do Guardian, exprimiu choque total e desalento com o quadro revelado pelos documentos é que os seus autores não são simplesmente qualquer antigo grupo de académicos. A sua importância não pode ser super-estimada. O que estamos a ver aqui é o pequeno grupo de cientistas que durante anos tem sido mais influente do que qualquer outro na promoção do alarme em todo o mundo acerca do aquecimento global, nem que seja através do papel que desempenharam no cerne do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) da ONU.
O professor Philip Jones, o director do CRU, é o responsável pelos dois conjuntos de dados chave utilizados pelo IPCC para redigir os seus relatórios. Através do seu link ao Hadley Centre, parte do Met Office britânico, o qual selecciona a maior parte dos contribuidores científicos fundamentais do IPCC, o seu registo da temperatura global é o mais importante dos quatro conjuntos de dados de temperatura sobre os quais repousam o IPCC e os governos – nem que seja para as suas previsões de que o mundo aquecerá a níveis catastróficos a menos que milhões de milhões de dólares sejam gastos para o impedir.
O artigo continua após esta advertência:
O dr. Jones também é uma peça chave do grupo estreitamente coeso de cientistas americanos e britânicos responsáveis por promover o quadro das temperaturas mundiais transmitido pelo gráfico do “hockey stick” de Michael Mann, o qual 10 anos atrás inverteu a história do clima ao mostrar que, após 1000 anos de declínio, as temperaturas globais haviam recentemente disparado para os mais altos níveis da história registada.
Tendo-lhe sido atribuído o estrelato pelo IPCC, ainda que seja pelo modo como pareceu eliminar o desde há muito aceite Período Quente Medieval, quando as temperaturas eram mais elevadas do que hoje, o gráfico tornou-se o ícone central de todo o movimento do aquecimento global de origem antropogénica.
Desde 2003, contudo, quando os métodos estatísticos utilizados para criar o “hockey stick” foram pela primeira vez denunciados pelo perito estatístico canadiano Steve McIntyre como fundamentalmente enviesados, uma batalha cada vez mais acalorada tem estado a ser travada entre os apoiantes de Mann, que se auto-denominam “a Equipe Hockey”, e McIntyre e os seus próprios aliados, pois eles têm posto em causa de modo cada vez mais devastador toda a base estatística sobre a qual o IPCC e a CRU construíram a sua argumentação.
Os remetentes e destinatários dos emails escapados da CRU constituem a lista da elite científica do IPCC, incluindo não apenas a “Equipe Hockey”, tal como o próprio dr. Mann, o dr. Jones e o seu colega da CRU Keith Briffa, como também Ben Santer, responsável por uma altamente controversa re-redacção de passagens chave do relatório do IPCC de 1995; Kevin Trenberth que de modo igualmente controverso empurrou o IPCC para o alarmismo quanto à actividade de furacões; e Gavin Schmidt, a mão direita do aliado de Al Gore, o dr. James Hansen, cujo registo próprio do GISS [Goddard Institute for Space Studies] de dados de temperatura superficial é o segundo em importância após o da própria CRU.
Nos documentos revelados há três sequências em particular que enviaram uma onda de choque aos observadores informados de todo o mundo. Talvez a mais óbvia, como lucidamente destacado por Willis Eschenbach (ver o blog Climate Audit de McIntyre e o blog Watts Up With That de Anthony Watt), é a altamente perturbadora série de emails que mostra como o dr. Jones e os seus colegas durante anos estiveram a discutir as tácticas tortuosas pelas quais podiam evitar divulgar os seus dados para outros [cientistas] externos de acordo com a legislação sobre liberdade de informação (freedom of information laws).
Eles sugeriram todas as desculpas possíveis a fim de esconder os dados de base sobre os quais se baseavam as suas descobertas e registos de temperatura.
OS DADOS “PERDIDOS” DO DR. JONES
Isto por si mesmo tornou-se um grande escândalo, nem que seja pela recusa do dr. Jones a divulgar os dados básicos a partir dos quais a CRU extrai o seu muito influente registo de temperatura, o que no último Verão culminou com a sua espantosa afirmação de que grande parte dos dados de todo o mundo havia simplesmente sido “perdida”. O mais incriminador de tudo são os emails nos quais cientistas são aconselhados a eliminar (to delete) grandes blocos (chunks) de dados. Quando isto acontece após a recepção de um requerimento ao abrigo da lei de liberdade de informação constitui um delito criminoso.
Mas a questão que inevitavelmente se levanta desta recusa sistemática a divulgar os seus dados é: o que é que estes cientistas parecem tão ansiosos por esconder? A segunda e mais chocante revelação dos documentos escapados é como eles mostram cientistas a tentarem manipular dados através dos seus tortuosos programas de computador, sempre a apontar apenas para a direcção desejada – reduzir temperaturas passadas e “ajustar” em alta temperaturas recentes, a fim de transmitir a impressão de um aquecimento acelerado. Isto verificou-se tão frequentemente (nos documentos relativos a dados de computador no ficheiro Harry Read Me) que se tornou o elemento único mais perturbador de toda a história. Foi isto que o sr. McIntyre apanhou o dr. Hansen a fazer com o seu registo de temperatura do GISS do ano passado (após o que Hansen foi forçado a rever o seu registo), e dois novos exemplos chocantes agora vieram à luz na Austrália e na Nova Zelândia.
Em cada um destes países foi possível aos cientistas locais compararem o registo da temperatura oficial com os dados originais sobre os quais supostamente estavam baseados. Em cada caso é claro que o mesmo truque foi efectuado – transformar um gráfico de temperatura basicamente constante num gráfico que mostra temperaturas a elevarem-se firmemente. Em cada caso esta manipulação foi executada sob a influência da CRU.
O que é tragicamente evidente a partir do ficheiro Harry Read Me é o quadro que transmite dos cientistas da CRU irremediavelmente confusos com os complexos programas de computador que conceberam para contorcer os seus dados na direcção aprovada, mais de uma vez a exprimirem o seu próprio desespero quanto à dificuldade em conseguirem os resultados que desejavam.
O SILENCIAMENTO DE PERITOS CONTESTATÁRIOS
A terceira revelação chocante nestes documentos é o modo implacável como estes académicos estiveram determinados a silenciar qualquer perito que questionasse as descobertas a que haviam chegado por tão dúbios métodos – não apenas pela recusa a revelar os seus dados de base como também pela desacreditação e exclusão de qualquer publicação científica que ousasse publicar os seus trabalhos de crítica. Aparentemente eles estavam preparados para travar, se não a reprimir, o debate científico por este meio, nem que seja por assegurar que nenhuma investigação divergente teria lugar nas páginas dos relatórios do IPCC.
Já em 2006, quando o eminente estatístico estado-unidense professor Edward Wegman produziu um relatório pericial para o Congresso dos EUA corroborando a demolição de Steve McIntyre do [gráfico do] “hockey stick”, ele denunciou o modo como este mesmo “grupo duramente coeso” de académicos parecia entusiástico apenas em colaborar uns com os outros e fazer “avaliações para publicação” (“peer review”) só dos documentos uns dos outros a fim de dominar os resultados daqueles relatórios do IPCC sobre os quais grande parte do futuro dos EUA e da economia mundial poderiam depender. À luz das mais recentes revelações, agora parece ainda mais evidente que estes homens fracassaram na defesa daqueles princípios que jazem no cerne da investigação e debate científico genuínos. Agora um respeitado cientista climático dos EUA, o dr. Eduardo Zorita, propôs que o dr. Mann e o dr. Jones fossem excluídos de qualquer nova participação no IPCC. Mesmo o nosso próprio George Monbiot, horrorizado ao descobrir como fora traído pelos supostos peritos que estivera a reverenciar e a citar por tanto tempo, apelou ao dr. Jones para que se demitisse da chefia da CRU.
O antigo chanceler Lord (Nigel) Lawson, ao lançar na semana passada o seu novo grupo de influência (think tank), o Global Warming Policy Foundation, apelou correctamente a uma investigação independente dentro do labirinto de trapaças revelado pelas fugas da CRU. Mas o inquérito, posto a debate na sexta-feira possivelmente será presidido por Lord Rees, presidente da Royal Society – ela própria uma desavergonhada propagandista da causa aquecimentista –, está longe de ser o que Lord Lawson tinha em mente. Ao nosso establishment científico, irremediavelmente comprometido, não pode ser permitido escapar com um branqueamento do que se tornou o maior escândalo científico da nossa era.
28/Novembro/2009
[*] Autor de The Real Global Warming Disaster: Is the Obsession with ‘climate change’ Turning Out to be the Most Costly Scientific Blunder in History?
O original encontra-se em http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=16321
Este artigo foi traduzido por http://resistir.info/ .