Clamor do General Mourão por Ditadura e Eterno Abraço de Luiz Inácio no Capeta
No último dia, 15 o general Hamilton Mourão, secretário-brucutu de Economia e Finanças do Exército, afirmou que intervenção militar é a solução para a crise política instalada no Brasil. Em 2015, este mesmo general havia sido removido da chefia do Comando Militar do Sul por prestar homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, condenado por tortura. Pois para piorar, a situação do Brasil é tão desgraçada hoje que disse até que punir Mourão significaria premiá-lo, ao torná-lo heroi junto a seus apoiantes. Tal raciocínio remete ao fato: se a crise política piorar e Michel Temer cair – o que está estampado que ocorrerá -, dada a “vitalidade” de nossa “esquerda”, quem assumirá este País?
A resposta pode fazer pensar se não seria “menos desvantajoso” (!) ao povo brasileiro aguentar este quase fundo do poço em que se encontra até as eleições de 2018, sem grande alarde e que tenha muito boa sorte Temer e sua quadrilha – que situação! Mas o que aguarda o Brasil para a “festa da democracia” de 2018, pós-ratos na piscina – históricos aliados do PT?
É aí mesmo que a porca torce o rabo, que se toca nas feridas dos ferozes combates pelos privilégios do poder de um Estado putrefado em suas estruturas, desde sempre em favor de classes dominantes mesquinhas, ignorantes e raivosas como em nenhum outro lugar do planeta diante de uma grande plateia analfabeta, sobretudo política; portanto, vulnerável tanto à direita quanto à esquerda do acirramento dos ânimos , em ampla medida da discussão por coisa nenhuma produzida por um punhado de canalhas do topo da pirâmide.
Quase um mês antes das esborrifadas do brucutu Mourão, e no aniversário de um ano da consumação do golpe parlamentar contra a “companheira” Dilma Rousseff, eis que Luiz Inácio tratou de dar mais um exemplo do porquê a maioria dos cidadãos brasileiros está totalmente desacreditada com a política: subiu ao palanque com ninguém menos que Renan Calheiros! Recebido pelo oligarca e arquiteto do golpe parlamentar-jurídico-midiático contra a ex-presidente com muita festa nas Alagoas, o grande (e único) nome da “esquerda” não poupou a língua em favor do “companheiro” alagoano, e “rasgou o verbo” enaltecendo a “independência” e “coragem” do peemedebista!
E uma enrome parte da mídia “alternativa” brasileira, fiel publicitária dos comícios de Luiz Inácio pelos rincões do País, neste caso (evidenciando o porquê de se dedicar espaço, entusiasticamente, apenas a um candidato assumidamente em campanha presidencial, o que fere os princípios jornalísticos baseados na objetividade, transparencia, ética e imparcialidade), obviamente “deixou passar”: não cabe no panfleto lulista o abraço fraterno, respeitoso, admirado de Luiz Inácio exatamente nele, em Calheiros.
No caso específico deste setor midiático-panfleteiro, as observações da jornalista (socialista) norte-americana Rheta Childe Dorr (1868-1948) em seu livro Inside the Russian Revolution (Por Dentro da Revolução Russa), escrito em plena Rússia em 1917, em meio à “Revolução” no qual aponta a tirania do novo governo dos sovietes e as manipulações midiáticas a partir de então, encaixam-se perfeitamente no contexto brasileiro “alternativo”: “A censura à imprensa, hoje, é rígida e tirânica como no auge da autocracia, só que um tipo diferente de notícia é suprimido” (grifo nosso). Alguém tem alguma dúvida?
Pois em antecipação aos certos ataques petistas a esta observação fazendo-se valer da liberdade de expressão, foi em nome dessa mesma liberdade que, há um ano e meio, os petistas deram início (com toda a razão, e tarde demais) à demonização de Calheiros e de todo e qualquer cidadão que o defendesse – assim como de Temer, o mesmo que o PT havia escolhido a dedo, e a quem tanto defendeu das críticas dos “esquerdistas utra-radicais”. Quem se lembra?
Quanto à justificada aversão da sociedade brasileira em relação à politica, perfeitamente compreensível, vale aponta que Dilma tratou de amplificar tal rechaço ao colocar em prática, logo no primeiro dia na Presidência, o programa de governo de Aécio Neves, outro ser tido (com razão) como crápula por petistas e seus fantoches baratos que vendem a consciência, a dignidade e o futuro do Brasil por… sabe Krishna o quê! O grande equívoco de muitos brasileiros – e nisto o PT e as elites (também midiáticas) têm grande culpa – diante de tal aversão, é apontar uma saída rumo ao retrocesso da ideologia do berro, da imposição da força e do entreguismo nacional, enquanto a solução é clara e unica: mais democracia.
O grande equívoco de muitos brasileiros – e nisto o PT e as elites (também midiáticas) têm grande culpa – diante de tal aversão, é apontar uma saída rumo ao retrocesso da ideologia do berro, da imposição pela força e do entreguismo nacional, enquanto a solução é clara e unica: mais democracia. Em todo e qualquer país do planeta, ex-ditadores, perpetradores de crimes de lesa-humandade têm sido condenados, ainda que seus mandatários sejam de direita em determinados casos. O Brasil não se detém no festival de chamar a atenção mundial, negativamente.
E esse sentimento amadureceu com a recusa covarde de Luiz Inácio em se abrir os arquivos da ditadura, confome liberação de cabo secreto por WikiLeaks, quatro deles traduzidos, na íntegra e com exclusividade, junto do artigo Ditadura no Brasil e o Novo ‘Companheiro’ dos Militares, Luiz Inácio. Em um desses telegramas confidencias emitidos pela “Embaixada” (centro de espionagem) dos Estados Unidos em Brasília ao Departamento de Estado em Washington, recorda-se que o demagogo e oportunista por excelência em questão, ainda elogia os 21 anos de desmandos militares no Brasil. Em absoluta concordância com este vídeo que precede seu primeiro mandato presidencial, em que o dito-cujo desdenha a esquerda crítica de tal regime por não saber compreendê-la.
Em abril, a senadora Gleise Hoffmann pelo estado do Paraná assumiu a presidência do PT afirmando que o partido neo-oligárquico faria auto-crítica como jamais fizera, a fim de – aproveitando-se da atual atmosfera de incertezas e polarização brasileiras – “não fornecer armas ao inimigo”. Que inimigo, o povo? Uma coisa é tão clara quanto os lucros dos grandes bancos, a evasão de divisas e o financimanto da grande mídia nos anos do PT ter batido todos os recordes históricos: não interessa como nunca interessou auto-crítica ao PT para que ele não se torne refém de si mesmo em sua arte de praticar a mais baixa politicagem.
Diante disso, conclui-se que a única lição que os donos do PT tiraram do previsível bico nos fundilhos que levaram, é que o autogolpe de suas cúpulas ao que sempre defendeu enquanto oposição deve ser evitado repetindo e fortalecendo os “erros” (mentiras) do “passado”, uma realidade que nos obriga a reconhecer que mesmo Jair Bolsonaro, com todas as suas limitações intelectuais e discurso carregado de preconceito, ódio e persuasão, age de maneira mais correta com seus apoiantes que Luiz Inácio com os seus. Nem será de volta ao poder, único projeto claro do PT, que se realizará a reconhecida necessidade da auto-crítica.
Aliás: apenas não ocorreu ainda o fraterno abraço entre Luiz Inácio e Bolsonaro por recusa deste. Se tenha certeza: na primeira oportunidade dada pelo segundo, o primeiro não hesitará em enojar ainda mais a sociedade brasileira em relação à política.
Perspectivas para o Brasil são obscuras e assustadoras. E tão indigno quanto isso tudo são as históricas inércia, apatia e indiferença da sociedade brasileira que, em muitos casos, defende ferozmente a politicagem mas baixa deste país, especialmente aquela em nome da “esquerda”, pura retórica servindo apenas como subterfúgio, peteca lançada pelos usurpadores do poder a fim de distrair ainda mais uma grande plateia de incautos que briga entre si, sem muita noção pelo quê…