Brasil, “Qué Se Vayan Todos!”
Os pífios (para dizer o mínimo) argumentos do presidente Michel Temer sobre a posição do (des)governo diante da paralisação dos caminhoneiros das últimas semanas, em artigo publicado no Espaço Aberto do jornal O Estado de S. Paulo neste dia 2 intitulado A Democracia Real (pasmem!), revelam uma vez mais o profundo cinismo de um político desmoralizado antes mesmo de assumir, definitivamente em agosto de 2016, um cargo baseado em descarada traição e corrupção e, junto dessa tragédia brasileira de hoje, o rotundo fracasso de uma tal de “esquerda” fajuta que consegue ser mais reacionária que o dito-cujo a quem (com razão) esperneia e acusa de aliança com as oligarquias nacionais (as mesmas às quais o próprio PT aliou-se quando gozou dos privilégios do poder), os donos de um poder canalha – a saber: grandes corporações, sobretudo agronegócio, indústria farmacêutica, bancos e transnacionais em geral; confrarias religiosas politiqueiras, manipuladoras desavergonhadas das massas que, extremamente medíocres intellectual e moralmente, sobrevivem sobre o salário alheio; e um funcionalismo público Mafioso, incluindo nesta seleta lista do banditismo juizecos e promotores de (pasmem!) “justiça” em geral, safados engravatados cujo maior desserviço à Nação é colocar-se acima do bem e do mal, acima da lei enquanto, nenhum segredo a ninguém, sabidamente elitistas, vendedores de sentenças e de toda sorte de arbítrios especialmente contra os menos apoderados financeiramente, e negros.
Ao contrário do alegado agora por Temer sem o menor senso do ridículo, seu regime autoritário e anti-popular em todos os aspectos não deixou de fazer uso da forca física contra os caminhoneiros por trazer em sua essência abertura ao diálogo, senso democrático e aversão ao autoritarismo – suas marcas registradas são exatamente o oposto disso tudo.
Basta lembrar, apenas, a convocação das Forcas Armadas para conter as manifestações denominadas Ocupa Brasília de maio de 2017, através da Operação de Garantia da Lei e da Ordem decretada entao pelo auto denominado “democrata” Temer, para desmentir agora esse rato de esgoto entre o pior da pior politicagem nacional.
Temer fez, sim, uso da leniência em certos aspectos,
1. Após receber negative das Forcas Armadas para reprimir os caminhoneiros;
2. Assim, isolado, esteve consciente de que qualquer excesso significaria o fim – já iminente – de seu vexatório desmando em uma Presidência golpista, e golpista pela maneira como assumiu o poder.
Exatamente por essas duas razões, desta vez a gangue usurpadora do poder em Brasília acabou cedendo de todos os lados diante de uma classe não apenas esquecida enquanto, paradoxalmente, fundamental para o País como também marginalizada, estigmatizada, sofredora das piores (sem nenhum exagero) explorações que colocam, dia a dia, quilômetro a quilômetro, suas vidas em risco sob mando de patrões inescrupulosos, diante de uma terra sem lei e a economia nacional em vertiginosos frangalhos (previsíveis desde o anúncio da tal Ponte para o Futuro de Temer), que os obriga a se submeter à vida desumana no mais absoluto silêncio.
Por isso, tampouco vale mais um espetáculo da imbecilidade temerária ao tratar o grosso das manifestações dos caminhoneiros como “alguns” protestos de “uns” mais radicais: mais uma prova da discriminação e até criminzalização da classe caminhoneira, gente solidária e sofredora como poucas outras no Brasil.
Vá ser hipócrita assim, no diabo que o carregue, Michel Temer!
“A tua piscina tá cheia de ratos; tuas ideias não correspondem aos fatos.” (Cazuza)
A ratazana de esgoto de turno no Palácio do Planalto foi, sim, politiqueiramente omissa em relação aos infiltrados e violentos contra a vida humana – inclusive contra os próprios caminhoneiros, o que comprova uma vez mais o caráter casuísta e corrupto da gangue temerária.
Exatamente aí, reside a maior vergonha da tal de “esquerda” dessituada, mais reacionária que este rato-mor e demais ratos do navio em franco e divertido naufrágio (tripulação bandida que inclui todas as malditas classes acima mencionadas, uma a uma, a começar pelos bandidos da “Justiça” tupiniquim). A ex-presidente Dilma Rousseff, injustamente impedida de seguir como presidenta da República, não apenas perdeu sua maior chance de trazer o povo consigo nas artificiais manifestações de junho de 2013, e de fazer as urgentes reformas (por exemplo, política, judiciária, tributária além da regulação midiática), como ainda os reprimiu colocando em prática, além da violência militar, a malfadada Lei Antiterrorismo que é, na verdade, uma Lei Anti-Popular que blinda o regime brasileiro – este atual e, outrora, petista – de protestos que coloque em risco os usurpadores do poder.
Para nem se detalhar, aqui, numerous e fatos tenebrosos sobre os quais tanto o regime de Dilma quanto o de Luiz Inácio foram campeões históricos, no que diz respeito à repressão contra povos originários e na defesa canalha do agronegócio.
O dueto petista superou, tanto em número de assassinatos de indígenas, em insuficiência e demarcação de suas terras quanto em expansão dos latifúndios, figuras como Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney. Para consultas da repressão silenciosa do PT contra esses povos, leia-se relatórios anuais do CIMI (sugestões de leitura, começar pelo informe de 2011:
http://www.cimi.org.br/pub/CNBB/Relat.pdf;
outras leituras providenciais,
http://anovademocracia.com.br/no-80/3591-relatorio-diz-que-pt-tem-sido-um-desastre-para-os-indios /
Vale também recordar a posição profundamente reacionária dele, Emir Sader, porta-voz do PT (des)qualificando o Movimento dos Trabalhadores sem-Teto (MTST) de cães vira-lata em 2014, pelos protestos às vésperas da Copa do Mundo que despejou milhares de famílias pobres em todo o País – naquela ocasião, o MTST manifestava-se na cidade de São Paulo, cujo prefeito era o petista Fernando Haddad, o que explica a raiva de “esquerda” desse tal de “intelectual”, entre os preferidos deste segmento de péssimo gusto que prima pela covardia e pelo casuísmo.
Se sobra hipocrisia mas há alguma inteligência / astúcia à ratazana emedebista (escolhida a dedo pelo PT, recordemos, pois), por outro lado nem sequer um mínimo de sagacidade politiqueira os regimes Lula e Dilma demostraram nos momentos mais cruciais – desta maneira, de nada adianta espernear hoje por apoio de uma sociedade despolitizada e historicamente reprimida, inerte como poucas no mundo também por obra e graça petista.
Nada está mais próximo do autoritarismo, nunca após 1985 o Brasil esteve tão perto de um novo golpe militar que agora, com a tal de “Democracia Real” temerária baseada na farsante “Ponte para o Futuro” que enganou apenas os mais idiotizados pelos grandes meios de imbecilização em massa (Veja, Globo, Folha de S. Paulo, o próprio O Estado entre outros monopólios midiáticos que apresentam seu show diário a uma plateia de mentalidade elitista e escravocrata, colonizada intelectualmente), durante o impedimento de Dilma.
Vá ser oportunista e criminoso assim, trancafiado nas quatro paredes de seus cada vez mais murchos, inertes diretórios regionais, PT!
Pois que não reste nenhuma dúvida: no interior desse navio infestado de ratos naufragando cômica e desesperadamente, está também o PT e seus asseclas, sectários em geral.
Quando, em dezembro de 2000 e janeiro de 2001, através de intensos protestos os argentines derrubaram cinco presidentes da República em 23 dias, comecando por Fenrando de la Rúa, o lema era: “Qué se vayan todos!”. Esta deve ser a ordem no Brasil agora, incluindo na lista dos excluídos pelo povo a milicaiada golpista para que uma autêntica democracia, sob um governo realmente popular, ascenda ao poder – o que não se dará apenas através de eleicões, mas de intenso engajamento popular por objetivos bem definidos.
Edu Montesanti