911 : A notável incapacidade de autorreflexão dos americanos é mau sinal para o resto do mundo
Os mocinhos
Quando Lois Griffin é eleito prefeito de Quahog por promover as referências mais estúpidas e sem sentido a respeito de “11 de setembro”, o público chiou. Mas quando a mesma situação acontece repetidamente em uma tentativa amplamente bem-sucedida de afastar pessoas do seu intelecto, da sua consciência e do seu instinto de autopreservação, parece que ninguém nem percebe o que está acontecendo. Esquecer, jamais! Gritam os agitadores de bandeiras e líderes de torcida do império, como se isso fosse ao menos possível.
Nos últimos dez anos, cada marcha para a guerra, cada Zona de liberdade de expressão, cada passo na criminalização de dissente, tudo isso tem sido acompanhado em cada crise pela estúpida repetição, a ameaça abarrotada de medo e fascismo, sem questionar nem mesmo pensar com mais profundidade, porque o “11 de setembro” mudou tudo.*”Há uma lembrança embotada e deprimente circulando pelo Facebook e por outros fóruns da Internet, com o apoio da raiva desafogada dos palestinos ou de outras vítimas do império para vingar o eventos daquele dia: “O seu onze de setembro são as nossas 24 horas, sete dias por semana.”
Mesmo assim, os americanos não têm a capacidade de autorreflexão de que nós preferimos aparentemente continuar a nos perceber como vítimas eternas em vez de promotores de uma guerra insana depois da outra. Em todas as paradas, todas as aclamações, a pompa e a circunstância autocongratulatórias com as quais americanos saúdam a suposta morte de Osama Bin Laden (vista com horror por grande parte do mundo), não havia qualquer vislumbre da cuidadosa introspecção que era de se esperar de adultos maduros. Em vez disso, parece haver essa constante recapitulação da cena descrita do seriado Family Guy anteriormente. Nenhum pergunta foi feita, nenhum movimento eficiente contra guerras, absolutamente nenhum interesse real em compreender as consequências de grande extensão das ações do nosso governo. Nada, realmente, além do discurso vazio “Quanto nos custará para nos sentirmos seguros novamente?”
É uma época verdadeiramente assustadora e deprimente para se viver. O sistema político está tão desvirtuado que os dois “partidos” políticos do monopólio nos EUA, que fingem representar interesses diferentes, estão em conluio em todas as questões mais básicas do dia a serviço dos interesses corporativos que pagam as suas eleições. Pior ainda, o eleitorado ainda não se deu conta, interpretando o cada vez mais presciente e famoso motivo de orgulho de Jay Gould de que ele “poderia contratar metade da classe trabalhadora para matar a outra metade”. Mesmo assim, as pessoas estão tão iludidas que o nosso circo político continua sem ser incomodado, focado em distrações insignificantes, como o teto do endividamento e a redução do déficit (embora o país ainda gaste mais em guerras do que todos os outros países do mundo juntos!). Pior ainda, a tão conhecida “esquerda” se permite ser embalada para dormir pelo charme de um presidente democrata, um homem negro, não menos, cujas ações são vigorosamente e perfeitamente opostas, como se o presidente fosse mais um Republicano do que um Democrata. Que farsa.
Mas não coloquemos os carros na frente dos bois. Quando a história se repete, um famoso alemão disse um vez, ocorre uma tragédia em vez de uma farsa. E estamos tão cobertos de sangue da morte e sofrimentos desnecessários que os nossos governos causaram em nome da vingança ao 11 de setembro que seria presunçoso ignorar a enorme tragédia que ainda está em formação. Mais de um milhão de pessoas foram mortas na busca da nossa aparentemente insaciável sede de sangue. É como se os americanos, completamente convencidos de que sempre somos os Mocinhos, não tivessem qualquer noção de proporção ou dimensão. No esquema das coisas, e mesmo com uma olhada superficial nos registros, é dolorosamente óbvio que a destruição causada pela política externa dos EUA absolutamente minimiza qualquer destruição feita pelos próprios Estados Unidos. Mas, claro, sempre foi verdade que os objetivos do império era vagar em rios de sangue, não só dos próprios imperialistas. Como Robert Emment disse famosamente ao juiz que o sentenciou à morte: “…se fosse possível recolher o sangue de todos os inocentes que você derramou no seu profano ministério em um grande reservatório, Sua Senhoria poderia nadar nele.”
A Líbia é a última garantia da passagem da viagem da América para o Inferno no plano de prestações. O inescrupuloso bombardeiro com bombas guiadas pelos EUA em mais um país soberano realmente começou a se desgastar por um momento. A história da OTAN matando o neto e o genro de Gaddafi realmente começou a ganhar força e causar tensão entre os aliados da OTAN. Hummm…. alguém começou a pensar finalmente. Talvez tamanha barbaridade seja um pouco inconveniente para os herdeiros da grande tradição de civilizar nativos. Na verdade, eu tinha acabado de me sentar para digitar este artigo quando todo o enredo foi interrompido pela edição extraordinária do assassinato de Bin Laden e dos outros que moravam na sua fortaleza.
Então, com a nova inspiração da matança do caubói do nemesis de 11/9 (sobre quem o FBI admitiu não poder acusar por falta de provas), o bombardeio da Líbia foi retomado de fato. Não houve erros: a OTAN precisou de absolutamente toda a ajuda financeira, logística e política que obteve dos americanos. O exército dos EUA se envolveu em praticamente cada etapa do horrível processo: essa era a guerra de Obama, com uma pegada americana deliberadamente oculta. Os únicos enganados, de fato, são os americanos e europeus. Trinta mil bombas despencaram na Líbia entre março e… ainda caem… você sabia? Matam talvez outras 60.000 pessoas que se somam ao número de vítimas das guerras do império. É simplesmente inadequado chorar de forma tão pública e repugnante enquanto negros, na Líbia, são capturados, torturados, estuprados, aprisionados e mortos pelos assassinos que representam os EUA. Mais uma vez, milhares de pessoas incineradas pelo ar enquanto defendiam seu país; mais de 50.000 tropas americanas mortas no Vietnã (e um pouco menos de dois milhões de asiáticos do Sudoeste que morreram ali). Mas são as *nossas* mortes que contam: é o mundo da fantasia das pessoas que sempre são os Mocinhos. Mas se os leitores quiserem ouvir mais uma citação do Family Guy, usarei uma do Stewie: “Um dia… seu castigo virá!”
Daniel Patrick Welch.
Artigo original em inglês : 9/11 and Americans’ Remarkable Incapacity for Self-reflection
Daniel Patrick Welch : Vive e escreveem Salem, Massachusetts, USA, com seuaesposa, NambalirwaLugudde de Julia.Juntocorrem A Escola de Estufa.Osartigos de passadoestãodisponíveis online: índice a pedido. Seuascolunastambémforam aired emrádio: essesinteressadonaversão de áudioentraemcontato com o autor. Algumascolunasestãodisponíveisemespanholoufrancês, e outrastraduçõessãopendentes (ajuda de traduçãoparamaisvindas de boas de linguagens). O Welch falaváriaslinguagens e estádisponívelpararegistrosemfrancês, alemão, russo e espanhol, ou, entrevistas de telefonenalinguagem de alvo.