A privatização da água: a Nestlé nega que a água seja um direito humano fundamental.

O atual Chairman e ex-CEO da Nestlé, que é a maior produtora de alimentos do mundo, acredita que a resposta para as questões globais da água é a privatização. Esta afirmação está no registo da empresa maravilha que vendia junk food* na Amazônia e que tem investido dinheiro para impedir a rotulagem de produtos com Organismos Geneticamente Modificados, tem ainda um preocupante registo no que diz respeito a ética e saúde da sua fórmula infantil, e implantou um ciber-exército de forma a monitorizar a crítica na internet e as discussões nas redes sociais.

Esta é, aparentemente, a empresa em quem devemos confiar para gerir a nossa água, apesar do registo de grandes empresas de engarrafamento como a Nestlé terem um historial de criação de escassez:

Às grandes empresas multinacionais de bebidas são normalmente dados privilégios como acesso a águas subterrâneas (e até isenções fiscais), porque elas criam postos de trabalho, o que é aparentemente mais importante para os governos locais do que o direito à água para os cidadãos pagadores de impostos. Essas empresas, como a Coca-Cola e a Nestlé (que engarrafa água subterrânea suburbana de Michigan e chama-lhe Poland Spring) sugam milhões de litros de água, deixando as populações a sofrer com a escassez. (Fonte)

Mas o Chairman, Peter Brabeck-Letmathe, acredita que “o acesso à água não é um direito público.” Também não é um direito humano. Então, se a privatização é a resposta, é nesta empresa em quem o público deve colocar a sua confiança?

Apenas como exemplo, entre muitos, do interesse desta empresa para com as populações até o momento:

Na pequena comunidade paquistanesa de Bhati Dilwan, um antigo governante da vila diz que as crianças estão a adoecer devido à água contaminada. Quem é o culpado? Ele diz que é garrafa de água da Nestlé, pois esta cavou um poço profundo que está a privar os moradores de água potável. “A água não é apenas muito suja, mas o nível de água caiu de 100 pés para 300 a 400 pés”, diz Dilwan. (Fonte)

Porquê? Porque se a comunidade tivesse água potável canalizada, a Nestlé ficaria privada do seu mercado lucrativo de água engarrafada sob a marca Pure Life.

No vídeo legendado abaixo, de alguns anos atrás, Brabeck discute os seus pontos de vista sobre a água, bem como alguns comentários interessantes sobre a sua visão da natureza – que é “cruel” – e, claro, a declaração obrigatória de que o alimento orgânico é ruim e os GM são bons. Na verdade, de acordo com Brabeck, você é essencialmente um extremista se tiver opiniões opostas à dele. É importante rever as suas declarações pois continuamos a ver o mundo à nossa volta transformando-se num ambiente mais mecanizado a fim de evitar a Natureza impiedosa a que ele se refere.

A conclusão deste segmento é talvez a mais reveladora sobre a visão de mundo de Brabeck, como ele destaca um clipe de uma de suas operações de fábrica. Evidentemente, o papel de salvador do Grupo Nestlé no sentido de garantir a saúde da população global deve ser graciosamente recebidos. Você está convencido?

Kevin Samson

Artigo em inglês : The Privatization of Water: Nestlé Denies that Water is a Fundamental Human Right, 20 de Abril de 2013

Activist Post

Traduzido por Filipe T. Moreira

*Junk food (“comida lixo”, numa tradução literal do inglês), também coloquialmente, “porcaria” ou “besteira”, é uma expressão pejorativa para “alimentos com alto teor calórico, mas com níveis reduzidos de nutrientes”. In Wikipedia


Articles by: Kevin Samson

Disclaimer: The contents of this article are of sole responsibility of the author(s). The Centre for Research on Globalization will not be responsible for any inaccurate or incorrect statement in this article. The Centre of Research on Globalization grants permission to cross-post Global Research articles on community internet sites as long the source and copyright are acknowledged together with a hyperlink to the original Global Research article. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: [email protected]

www.globalresearch.ca contains copyrighted material the use of which has not always been specifically authorized by the copyright owner. We are making such material available to our readers under the provisions of "fair use" in an effort to advance a better understanding of political, economic and social issues. The material on this site is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving it for research and educational purposes. If you wish to use copyrighted material for purposes other than "fair use" you must request permission from the copyright owner.

For media inquiries: [email protected]